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“Cura” de Bolsonaro atribuída por ele à hidroxicloroquina é destaque na imprensa internacional

A imprensa lembra que o presidente minimizou a crise sanitária, que já matou mais 85.000 no Brasil

Presidente Jair Bolsonaro. Foto: AFP
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A notícia do anúncio do teste negativo para o coronavírus de Jair Bolsonaro repercute na mídia francesa deste sábado (25). Rádios e jornais destacam a atribuição da cura feita pelo presidente brasileiro ao tratamento com hidroxicloroquina, que vários estudos apontaram como ineficaz. A imprensa lembra que Bolsonaro minimizou a crise sanitária, que já matou mais 85.000 no Brasil, e chamou a Covid-19 de “gripezinha”.

A mídia francesa reproduz o tuíte de Jair Bolsonaro, postado nesta manhã, anunciando o resultado. “RT-PCR para Sars-Cov 2: negativo. Bom dia a todos”, escreveu o presidente na rede social, junto a uma foto dele sorrindo e segurando uma caixa de hidroxicloroquina durante seu café da manhã. O governante, de 65 anos, não contou quando foi feito o exame, que detecta o vírus mediante a análise das secreções nasais.

O presidente de extrema direita “parece atribuir a cura ao tratamento de hidroxicloroquina”, analisa o 20 minutes. A rádio RTL diz que Bolsonaro, diagnosticado positivo em 7 de julho e muito criticado por sua atitude nessa crise sanitária, tem motivos para “se alegrar”.

Le Parisien informa que Bolsonaro ficou quase três semanas em quarentena no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência em Brasília. O presidente brasileiro afirmou “ter ficado estressado com o isolamento” e esse foi o terceiro teste de Covid-19 que realizou. Le Figaro lembra que, em pelo menos duas ocasiões, ele não respeitou as medidas restritivas recomendadas para um portador do vírus. Na quinta-feira (23), conversou sem máscara com garis e, em outro momento, retirou a máscara para conversar com um grupo de apoiadores.

Ao encontro de simpatizantes

Bolsonaro não perdeu tempo para se reencontrar com seus simpatizantes e fez neste sábado um passeio por Brasília. Depois do anúncio do teste negativo, ele saiu de motocicleta e visitou alguns locais comerciais, causando pequenas aglomerações de pessoas que se aproximaram para saudá-lo, reportou a AFP, citando a imprensa local.

“Não senti nada, nem no início. Se não me dissessem, não teria feito o teste, nem eu saberia que estava infectado com o vírus”, disse o presidente. Em seu retorno à residência oficial, o Palácio da Alvorada, o presidente – de máscara, mas sem manter uma distância adequada – aproveitou para tirar fotos com um grupo de simpatizantes que se mostraram felizes com sua recuperação.

O presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, saiu de moto para passear por Brasília e encontrar seus simpatizantes depois de anunciar que testou negativo para a Covid-19 neste sábado, 25 de julho de 2020. AFP

O líder de extrema direita, que chamou a Covid-19 de “gripezinha”, garantiu que, pouco depois de seu diagnóstico, começou a tomar hidroxicloroquina. Ele defende o uso do medicamento contra o coronavírus, embora sua eficácia não tenha sido comprovada cientificamente. Bolsonaro chegou a dizer que o confinamento era “horrível” e que não aguentava mais.

Cético quanto ao distanciamento social aplicado em vários estados, o presidente permaneceu cerca de 20 dias cumprindo uma agenda remota no Palácio da Alvorada.

Popularidade em alta

Alguns jornais franceses também informam que apesar de sua polêmica gestão da pandemia no país, três pesquisas nesta semana mostraram um crescimento acentuado de sua popularidade, apontando-o como favorito para as eleições de 2022. O Le Monde diz que a pandemia produziu o que o presidente brasileiro mais precisa, “o caos que possibilitou que ele consolidasse seu governo e remobilizasse sua base”.

De acordo com o portal Poder360, a aprovação de Jair Bolsonaro subiu de 40%, há duas semanas, para 43%, e o índice de desaprovação caiu ligeiramente: de 47% para 46%. Uma pesquisa publicada na sexta-feira (24) pela revista Veja colocou Bolsonaro à frente de outros candidatos no primeiro turno.

O Brasil é o país mais afetado pela pandemia na América Latina e o segundo no mundo, com 2,3 milhões de pessoas infectadas e mais 85 mil mortes, de acordo com dados oficiais.

(Com informações da imprensa francesa e AFP)

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