Política

Cúpula da CPI da Covid vê ministro da CGU como ‘prevaricador’ e cita agentes da PF que ‘blindam lobistas’

‘Ele tem de explicar a omissão dele em relação ao governo. Tem de vir aqui’, disse Omar Aziz sobre Wagner Rosário

O senador Omar Aziz. Foto: Pedro França/Agência Senado
Apoie Siga-nos no

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), fez duras críticas nesta quarta-feira 15 ao ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, a quem se referiu como “prevaricador” e “cara de pau”.

As críticas se deram após Marconny Albernaz de Faria, que depõe à comissão nesta quarta por ter sido apontado como lobista da Precisa Medicamentos, confirmar que a CGU participou de uma operação de busca e apreensão em sua casa, em outubro de 2020.

O fato de o órgão não ter compartilhado com a CPI as informações e o conteúdo apreendido na ação irritou os senadores, em especial Omar Aziz, que afirmou que agendará o depoimento de Rosário à comissão.

“Wagner Rosário é um prevaricador, tem de vir mesmo aqui. Ele tem de explicar a omissão dele em relação ao governo federal. Tem de vir aqui, não para jogar para a torcida, mas para jogar no nosso campo. O Wagner Rosário, que tinha acesso a essas mensagens, é um prevaricador, e isso tem de ir para o relatório”, disparou Aziz.

Marconny Faria virou alvo da CPI da Covid após os senadores obterem mensagens que sugerem a elaboração de um ‘guia’ para fraudar uma licitação para a compra dos testes. As ‘dicas’ foram enviadas a Ricardo Santana, ex-secretário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e envolviam a “arquitetura ideal para o processo dos kits prosseguir”.

Em outra mensagem, Santana diz a Marconny que teria uma reunião no Ministério da Saúde a fim de “desatar um nó” e que trataria sobre 12 milhões de testes rápidos. Santana afirmou ainda que “meu amigo aqui estará às 8h com o senador”.

“Não sei quem é”, disse Marconny nesta quarta, ante diversos questionamentos sobre o nome do senador indicado nas mensagens. A postura irritou membros da CPI.

Segundo Aziz, “a CGU esteve na casa de Marconny, junto com policiais, levaram farto material, mas não tomaram providência”.

“Não tomaram providência com Roberto Dias, que continuou lá negociando vacina, pedindo propina. Exijo que o nome dele esteja no relatório, por ter prevaricado”, acrescentou. Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, foi acusado pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti de cobrar propina em negociação de imunizantes.

Além da CGU, o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), mencionou agentes da Polícia Federal que atuariam para proteger lobistas. Ele se referiu especificamente a um policial identificado como Mark.

“O senhor Marconny, em uma das mensagens [obtidas pela comissão], fala de um tal de policial federal Mark e pede para o policial consultar se o telefone de Ricardo Santana está grampeado. É por isso que, na conversa, ele [Marconny] cumprimenta o Santana quando ele muda o número do celular, porque tinha sido avisado. Marconny, o senhor não é um lobista qualquer, não, para ter interferência junto a agentes na Polícia Federal”, afirmou Randolfe. “Tem contatos na PF para inclusive blindar outros lobistas”.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo