Política
Casamento entre Ciro Nogueira e Bolsonaro será mais curto do que imaginam, diz Lula
Petista afirmou que presidente tem sofrido derrotas sucessivas e não deve garantir sustentação na eleição de 2022
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a aliança entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), deve durar pouco. A declaração ocorreu nesta quarta-feira 18, em coletiva de imprensa em Teresina, capital do Piauí.
O petista disse que Bolsonaro levou Nogueira para o seu governo para “salvar a articulação política dele com o Centrão”, mas esse comportamento, em sua visão, não deve garantir “a sustentação que ele pensa que tem durante o processo eleitoral”.
“Eu não sei por quanto tempo o Ciro ficará com Bolsonaro. Não tenho nenhuma certeza”, afirmou. “E acredito que esse casamento será mais curto do que eles imaginam.”
Lula disse também que tem se reunido com o partido de Nogueira, com quadros de diferentes estados, em encontros em São Paulo. O petista afirmou que o PP “não tem centralismo” e que não sabe se a decisão de Nogueira em integrar o governo foi coletiva. Porém, a avaliação é de que Bolsonaro tem sofrido sucessivas derrotas.
“Vamos ver o que ele vai conseguir. O Bolsonaro já perdeu, nesses dias, o voto impresso e ele já perdeu o distritão”, declarou. “Acho que o Ciro está representando para o Bolsonaro o que o Bornhausen foi chamado às pressas pelo Collor para tentar salvar o impeachment e não deu certo”, acrescentou, fazendo referência a Jorge Konder Bornhausen, que chefiou a coordenação política do governo de Fernando Collor de Mello nos anos 1990.
Ele [Bolsonaro] pode até escapar do impeachment, mas ele não escapará do julgamento do povo do brasileiro em dezembro de 2022.
Para Lula, “o Centrão não vai agir enquanto partido político durante o processo eleitoral”, porque cada partido do bloco vai priorizar “a sua tribo no seu estado”.
“Estou cansado de ver candidatos a presidente da República serem rifados”, ironizou.
Como antecipou CartaCapital, Lula aprontou suas malas para o Nordeste na 2ª quinzena de julho, com prioridade para defender o avanço da vacinação, relembrar o legado dos governos petistas e discutir o Plano de Reconstrução proposto pelo PT.
O líder petista também tem na rota encontros com novos e antigos aliados, de partidos como MDB, PP, PSD e PSB. A região é estratégica para o ex-presidente: segundo o Vox Populi, ele tem pelo menos 61% de aprovação na população desses estados.
Na segunda-feira 16, realizou coletiva em Recife (PE) e disse que não tem conversado com os membros das Forças Armadas. O petista afirmou que só se reunirá com a cúpula fardada caso seja eleito em 2022.
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