Política

Cabral despreza a opinião pública

Na expansão do Metrô rumo à Barra da Tijuca a Praça Nossa Senhora da Paz será destruída, para desespero dos cariocas. Mas o governador do Rio não está nem aí

Na expansão do Metrô rumo à Barra da Tijuca a Praça Nossa Senhora da Paz será destruída, para desespero dos cariocas. Mas o governador do Rio não está nem aí
Apoie Siga-nos no

Foi-se o tempo em que governantes davam ouvidos e crédito à opinião pública, além do interesse nas pesquisas pré-eleitorais, essenciais para chegarem ao poder. Quando são candidatos, dizem o que o povo quer ouvir. Empossados, dão-lhe as costas e fazem o que querem.

Caso emblemático, sobre o qual já protestei em outro artigo, é o da forma como se pretende expandir o Metrô do Rio rumo à Barra da Tijuca, num compromisso assumido com o Comitê Olímpico Internacional, mas não com os maiores interessados, os cariocas.

Pois bem, os moradores do Rio, Ipanema em particular, não querem a destruição da tradicional Praça Nossa Senhora da Paz. Antes de qualquer tipo de intervenção, o carioca quer paz e manter o ambiente local tal como é, sob o argumento simples, mas poderoso, de que não se mexe em time que está ganhando. Afinal, um levantamento mostra que a praça possui 113 árvores, algumas mais que centenárias, que deverão ser retiradas para a construção da estação de metrô. Estação que – repito – ninguém quer ali, fora o governador Sergio Cabral.

A propósito das discussões a respeito da localização dessa rejeitada estação, a vereadora Sônia Rabello escreveu, com a lucidez de quem ama a cidade: “Em seu trajeto atual, o Metrô do Rio está circunscrito à Cidade do Rio de Janeiro. No entanto, em audiência pública (13/02) para apresentação do Relatório de Impacto Ambiental da chamada Linha 4, não havia nenhum representante da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Um espanto!”

Eu não acho “espanto”. O prefeito Eduardo Paes quer se reeleger este ano e, para não perder o apoio de Cabral, não enfrenta a polêmica. Calado, não decreta o tombamento da bucólica praça, e deixa tombar as árvores que os moradores tanto querem preservar. Se não fossem as explosões diárias ouvidas em Copacabana e Ipanema, teríamos a impressão de que nada estaria acontecendo. Mas as obras e a agressão continuam avançando.

De qualquer jeito, fica claro que o governador Cabral é obstinado, tal como o folclórico Odorico Paraguassu, que queria inaugurar um cemitério a qualquer custo – e a escavação do metrô vai muito além de sete palmos. Por que, antes de fazer o que só ele quer, sabe-se lá com que interesse, o governador não consulta a população? Ou, então, por que não se enterra de vez e deixa todos em paz, com a Nossa Senhora da Paz tal como ela é.

A bem da verdade, temos que ter em mente que Odorico é personalidade fictícia, criada por Dias Gomes. Já Sergio Cabral, para nossa infelicidade, é real! O primeiro é comédia, o outro é tragédia.

Mas talvez a maior diferença entre Odorico e Cabral – sem contar o charme delicioso do prefeito de “O bem amado” – seja o fato de que em Sucupira não dava nem para se inaugurar um cemitério, não havia a violência que o Rio conhece tão bem e que, com a tomada de áreas de litígio pelas Unidades de Polícia Pacificadora está empurrando os bandidos para Niterói, Baixada Fluminense e Região dos Lagos, onde a criminalidade aumenta assustadoramente. Não podemos esquecer, é claro, que as áreas pacificadas, como também venho alertando aqui no site de CartaCapital, estão voltando a ser ocupadas pelo tráfico.

Resta-nos implorar:

– Governador, nós, do Rio de Janeiro, queremos tanta coisa! Tente não começar justamente por aquilo que ninguém quer. Antes de tudo, queremos paz. Com praça, Nossa Senhora e tudo!

Leia mais sobre o assunto:

Foi-se o tempo em que governantes davam ouvidos e crédito à opinião pública, além do interesse nas pesquisas pré-eleitorais, essenciais para chegarem ao poder. Quando são candidatos, dizem o que o povo quer ouvir. Empossados, dão-lhe as costas e fazem o que querem.

Caso emblemático, sobre o qual já protestei em outro artigo, é o da forma como se pretende expandir o Metrô do Rio rumo à Barra da Tijuca, num compromisso assumido com o Comitê Olímpico Internacional, mas não com os maiores interessados, os cariocas.

Pois bem, os moradores do Rio, Ipanema em particular, não querem a destruição da tradicional Praça Nossa Senhora da Paz. Antes de qualquer tipo de intervenção, o carioca quer paz e manter o ambiente local tal como é, sob o argumento simples, mas poderoso, de que não se mexe em time que está ganhando. Afinal, um levantamento mostra que a praça possui 113 árvores, algumas mais que centenárias, que deverão ser retiradas para a construção da estação de metrô. Estação que – repito – ninguém quer ali, fora o governador Sergio Cabral.

A propósito das discussões a respeito da localização dessa rejeitada estação, a vereadora Sônia Rabello escreveu, com a lucidez de quem ama a cidade: “Em seu trajeto atual, o Metrô do Rio está circunscrito à Cidade do Rio de Janeiro. No entanto, em audiência pública (13/02) para apresentação do Relatório de Impacto Ambiental da chamada Linha 4, não havia nenhum representante da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Um espanto!”

Eu não acho “espanto”. O prefeito Eduardo Paes quer se reeleger este ano e, para não perder o apoio de Cabral, não enfrenta a polêmica. Calado, não decreta o tombamento da bucólica praça, e deixa tombar as árvores que os moradores tanto querem preservar. Se não fossem as explosões diárias ouvidas em Copacabana e Ipanema, teríamos a impressão de que nada estaria acontecendo. Mas as obras e a agressão continuam avançando.

De qualquer jeito, fica claro que o governador Cabral é obstinado, tal como o folclórico Odorico Paraguassu, que queria inaugurar um cemitério a qualquer custo – e a escavação do metrô vai muito além de sete palmos. Por que, antes de fazer o que só ele quer, sabe-se lá com que interesse, o governador não consulta a população? Ou, então, por que não se enterra de vez e deixa todos em paz, com a Nossa Senhora da Paz tal como ela é.

A bem da verdade, temos que ter em mente que Odorico é personalidade fictícia, criada por Dias Gomes. Já Sergio Cabral, para nossa infelicidade, é real! O primeiro é comédia, o outro é tragédia.

Mas talvez a maior diferença entre Odorico e Cabral – sem contar o charme delicioso do prefeito de “O bem amado” – seja o fato de que em Sucupira não dava nem para se inaugurar um cemitério, não havia a violência que o Rio conhece tão bem e que, com a tomada de áreas de litígio pelas Unidades de Polícia Pacificadora está empurrando os bandidos para Niterói, Baixada Fluminense e Região dos Lagos, onde a criminalidade aumenta assustadoramente. Não podemos esquecer, é claro, que as áreas pacificadas, como também venho alertando aqui no site de CartaCapital, estão voltando a ser ocupadas pelo tráfico.

Resta-nos implorar:

– Governador, nós, do Rio de Janeiro, queremos tanta coisa! Tente não começar justamente por aquilo que ninguém quer. Antes de tudo, queremos paz. Com praça, Nossa Senhora e tudo!

Leia mais sobre o assunto:

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo