Política

Boulos diz que procurou partidos de esquerda para candidatura única em São Paulo

Para candidato do PSOL à prefeitura, ‘união do campo progressista pode significar o início da derrota de Bolsonaro em 2022’

. (Foto: Reprodução/Facebook) (Foto: Reprodução/Facebook
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O candidato a prefeito de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, reforçou o desejo de unir os partidos de esquerda na eleição municipal de São Paulo. Para ele, a unidade do campo progressista será “um obstáculo a menos para derrotar o bolsonarismo e os tucanos”.

 

Em entrevista a CartaCapital, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) revelou que chegou a conversar com outras legendas sobre a possibilidade de realizar prévias para se escolher um único candidato entre as legendas progressistas.

“Procurei pessoas de outros partidos e acho que tem prevalecido interesses menores e paroquiais, que envolvem hegemonia partidária e coligação proporcional, pois teme-se perder um ou outro vereador da bancada”, afirmou.

“Eu já me posicionei nas redes sociais defendendo a construção de uma unidade. Até aqui, infelizmente, não conseguimos. Isso depende dos partidos, não é só a minha posição que basta, mas eu defendo que a gente faça todo esforço para que a esquerda se una, que realize um processo de consulta e de definição que seja amplo”, acrescentou o candidato.

Na capital paulista, além de Boulos, a esquerda deve ter Jilmar Tatto (PT), ainda pré-candidato, e Orlando Silva (PCdoB) como opções.

“Estamos em um momento histórico: derrotar o bolsonarismo é um objetivo muito forte nesta eleição. As pessoas estão colocando isso [os interesses menores] à frente da necessidade que a gente tem de fazer de São Paulo uma capital da resistência e da esperança”.

No sábado 5, o PSOL oficializou a chapa Boulos e Luiza Erundina para a eleição do executivo municipal. Na convenção, que ocorreu no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, o partido também anunciou o número de candidatos ao cargo de vereador: 65.

“Nós temos [o presidente Jair] Bolsonaro governando o Brasil com autoritatismo, fakenews, ódio e desprezo pela vida das pessoas. Temos [o governador João] Doria e [o prefeito] Bruno Covas governando São Paulo com um projeto elitista, que vira as costas para o povo e governa para os grande negócios. Minha candidatura com a Erundida, pela nossa trajetória de luta, representa a virada de São Paulo”, disse Boulos na conversa com CartaCapital.

PSOL oficializa Boulos e Erundina como candidatos a prefeito e vice em SP

Leia os principais trechos da entrevista.

Derrotar Bolsonaro

Na visão de Boulos, a união dos partidos de esquerda poderia significar o início da derrota de Bolsonaro em 2022.

“Se a gente ganha em São Paulo, isso aponta na maior cidade do Brasil uma trincheira da democracia. Vai ser a derrota do projeto da intolerância, do ódio e do autoritarismo. Ou seja, a derrota de Bolsonaro pode começar por São Paulo”.

A leitura de cenário de Boulos converge com a do concorrente Orlando Silva. Segundo o comunista, a eleição pode ser um ensaio para derrotar o presidente em 2022.

Diferenças entre progressistas

Na conversa, Boulos pontua quais são as diferenças entre a sua candidatura e a dos demais do campo progressista.

Para ele, a chapa com Erundina é a única que apresenta “condições para derrotar Bolsonaro e o seu projeto”.

“Além disso, queremos fazer uma inversão profunda de prioridades: colocar a periferia no centro de verdade. Isso não é simplesmente ter mais preocupação com áreas sociais. Isso já foi feito por muitos governos aqui. É ir além, é fazer a participação popular”, afirmou.

Planos de gestão

Nas palavras do candidato, o carro-chefe do seu governo será integrar a periferia à administração pública.

“Quem tem que decidir o que vai fazer com um recurso no Jardim Ângela não é alguém em um gabinete no centro da cidade. É o próprio morador do Jardim Ângela. Quem vai definir se a prioridade ali é uma creche, uma UBS ou um centro de lazer é quem mora lá. Queremos trazer o povo para o centro da decisão. Isso está expresso no nosso compromisso. Eu não vou governar de dentro de um gabinete fechado”, disse.

“Nós vamos fazer uma prefeitura itinerante. Vamos cada dia despachar em uma região diferente da cidade. A nossa cabeça pensa onde o nosso pé pisa. Se a gente está todo dia pisando em gabinete com ar condicionado, a prioridade acaba sendo definida por isso. Não é só governar para o povo de São Paulo. Nós queremos governar com o povo das periferias”, garante.

“Não dá para a cidade mais rica da América Latina continuar como uma das mais desiguais do mundo. Nós vamos enfrentar a desigualdade na cidade de São Paulo”.

Principais adversários

Na entrevista, Boulos coloca o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), e o presidente Bolsonaro como membros do mesmo projeto.

“O nosso principal adversário é o Bolsodoria, que é essa aliança perversa, de política autoritária e elitista. É isso que eles representam. É esse conluio que pretendemos derrotar em 2020”, declara.

O pré-candidato pelo PSB, Márcio França, é lembrado como um “tucano que tenta esconder o bico”.

“Tem o candidato oficial, o Covas, e tem o Márcio França, que foi o eterno vice do [ex-governador] Geraldo Alckmin [PSDB], que governou com essas mesmas políticas. Ele estava na época da máfia da merenda, da máfia do metrô e agora parece que está numa crise de identidade. Um dia continua com os tucanos, em outro flerta com o Bolsonaro, no fim de semana posa de progressista”, ironiza.

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