Política
Bolsonaro: ‘Se o Parlamento promulgar, teremos voto impresso em 2022’
Sem apresentar provas de fraude na urna eletrônica, presidente diz que ‘se se acostumaram com o errado, vamos mudar’
O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a instituição do voto impresso na eleição de 2022, durante evento no Palácio do Planalto nesta quarta-feira 12. O discurso ocorreu no fim da tarde, enquanto o ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação do governo, Fabio Wajngarten, era alvo de tenso interrogatório na Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19.
As declarações de Bolsonaro sobre o voto impresso ocorrem também enquanto pesquisas eleitorais mostram provável derrota de sua candidatura no 2º turno contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O presidente da República vem ensaiando o discurso sobre fraude na eleição de 2022 e já acusou, sem apresentar nenhuma prova, o cometimento do delito na última eleição presidencial.
“Tenho certeza que nas urnas de 22, com o voto auditável aprovado por vocês, tendo à frente a Bia Kicis, não teremos mais dúvida. Não pairará qualquer sombra de dúvida na cabeça de qualquer cidadão brasileiro se o processo foi conduzido com lisura ou não. Porque será dessa maneira”, afirmou Bolsonaro, em discurso voltado para o Congresso Nacional. “E digo mais: se o Parlamento brasileiro promulgar, teremos voto impresso em 22. Se vocês promulgarem até o início de outubro desse ano, teremos voto impresso em 2022.”
“Chega de sermos atropelados. O respeito tem que existir entre todos. Se se acostumaram com o errado, vamos mudar”, disse Bolsonaro.
Uma comissão especial foi criada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para analisar o projeto de voto impresso. O texto é de autoria da deputada federal de extrema-direita Bia Kicis (PSL-DF) e já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara em 2019.
Em live nas redes sociais, na semana passada, Bolsonaro afirmou que “se não tiver voto impresso, é sinal de que não vai ter eleição”. No entanto, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, já afirmou considerar que o projeto representa um retrocesso e que as urnas eletrônicas são confiáveis.
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