Política
Bolsonaro se diz chateado com Queiroz: “Pode ter coisa errada? Pode”
Em entrevista à Veja, presidente também admite indicação de Vélez sem conhecê-lo e diz que PSL ‘pegou qualquer um’
Ao passo em que o Ministério Público do Rio de Janeiro coleta mais dados para desvendar o suspeito caso de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz, o presidente da República vai ficando preocupado. “Se alguém mexe com um filho teu, não interessa se ele está certo ou está errado, você se preocupa”, disse Jair Bolsonaro em entrevista à revista Veja. E ainda levantou mágoas: “Estou chateado porque houve depósitos na conta dele (Queiroz), ninguém sabia disso, e ele tem de explicar isso daí.”
Quanto mais tenta se explicar, mais o filho senador e o amigo de longa data se enrolam. Enquanto o filho 01 tenta, em vão, barrar as investigações ao tentar suspender a quebra do sigilo bancário pela terceira vez, a população pressiona por respostas: mais de 200 mil pessoas já assinaram um abaixo assinado pela cassação do mandato do senador.
O presidente, no entanto, acredita que se deva deixar apurar ‘um pouquinho mais’ casos de denúncias antes dos investigados se tornarem réus, e disse ter cobrado explicações do filho sobre os depósitos para supostos candidatos laranjas. “Depois, resolveram não fazer campanha. É um absurdo”, relatou à reportagem.
“Errei quando indiquei o Ricardo Vélez como ministro”
Bolsonaro ainda comentou sobre educação, formação do PSL e sobre a facada que levou nas eleições. Em relação ao primeiro nome escolhido para a pasta da Educação, Bolsonaro admitiu ter recebido a indicação diretamente de Olavo de Carvalho, e aparentemente não parou para checar o currículo.
Depois liguei para ele: “Olavo, você conhecia o Vélez de onde?” “Ah, de publicações.” “Pô, Olavo, você namorou pela internet?”
Ao apontar que o Ministério da Educação tem o ‘aparelhamento mais forte’, Bolsonaro diz ‘não ser contra’ que as escolas digam quem foi Che Guevara, mas apenas se disserem também quem foi o Coronel Brilhante Ustra – torturador da ditadura condenado pelo Estado brasileiro e constantemente defendido pelo presidente.
Qual ditadura faz uma campanha “Brasil, ame-o ou deixe-o”?
Formação do PSL: “nós fomos pegando qualquer um”
O presidente negou que tenha intenções de sair do PSL e contou sobre a campanha realizada pelo partido e como eles agregaram os parlamentares da legenda. “Tem muita gente que entrou e acabou se elegendo com a estratégia que eu adotei na internet”, disse Bolsonaro.
Eu falava: “Clica aqui. Vote em um desses colegas nossos”. Teve muita gente que falou para mim: “Nossa, eu não esperava me eleger”.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.