Política

Bolsonaro: “Queria que as leis brasileiras fossem parecidas com as americanas”

Na Índia, presidente voltou a defender deportação de brasileiros por Donald Trump: ‘Qual país está dando certo, Brasil ou Estados Unidos?’

Presidente da República disse que jamais pediria a Donald Trump para "descumprir a lei dele". Foto: Alan Santos/PR
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em deportar 50 brasileiros algemados num avião fretado, que aterrissou em Belo Horizonte (MG) na madrugada do sábado 25. Bolsonaro disse que gostaria que as leis brasileiras fossem semelhantes às leis americanas e que fossem cumpridas.

As declarações ocorreram durante visita à Índia, onde permanece até esta segunda-feira 27. Em entrevista à imprensa, disse que o Brasil deve respeitar a decisão de Trump.

“Qual o tratamento que a lei americana dá para quem está lá ilegalmente? Não é esse? Nós temos que respeitar a lei americana. No Brasil, até pouco tempo tínhamos um terrorista aqui, e foi dado status a ele de refugiado, o Cesare Battisti. Eu gostaria que as leis brasileiras fossem parecidas com as americanas e que fossem cumpridas”, disse o presidente.

Em seguida, citou casos de violência contra policiais que declarou ter visto no noticiário e disse apreciar que, nos Estados Unidos, culpados possam ser levados à prisão perpétua.

“Igual eu vi outro dia, um marginal fugiu da polícia, atirou para trás. Chegou-se à conclusão que, como estava atirando sem fazer pontaria, ele estava em legítima defesa. Vai fazer nos Estados Unidos! Tem estado que você começa com 20 anos de cadeia ao atirar num policial”, afirmou. “No Brasil, o cara é pego com 10kg de cocaína, vai para a audiência de custódia e vai para a rua. Lá, ele vai para a cadeia, cumpre 30 anos no mínimo, quem sabe uma prisão perpétua. Qual país está dando certo, o Brasil ou os Estados Unidos?”, indagou.

Bolsonaro também descartou a possibilidade de solicitar que Trump reveja a decisão em deportar brasileiros em massa.

“Jamais pediria. Você acha que eu vou pedir para ele descumprir a lei dele? Tenha paciência. Tenha santa paciência. A lei americana diz isso. É só você não ir para os Estados Unidos ilegalmente”, declarou.

Mais cedo, porém, Bolsonaro disse que evitaria a mesma decisão que Trump e não algemaria deportados. “Obviamente, não faríamos isso com ninguém”, afirmou.

Medidas como essa não eram aceitas desde 2006. O governo Bolsonaro afrouxou o processo de deportação após Trump apertar o cerco contra imigrantes nos Estados Unidos ao estabelecer, em julho de 2019, novas regras de banimento de ilegais. Pressionado, o Brasil emitiu parecer, em agosto, permitindo a devolução de brasileiros apenas com um atestado de nacionalidade.

Segundo a agência Reuters, os Estados Unidos chegaram a ameaçar o governo brasileiro com sanções, caso não facilitasse o processo de deportação.

O avião que chegou em Belo Horizonte neste sábado 25 é o segundo desde a facilitação de deportações de brasileiros. Em outubro de 2019, chegou na capital mineira o primeiro voo, com cerca de 70 pessoas.

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