Política

Bolsonaro: ‘Não estou censurando, mas esse tipo de filme eu não quero’

O presidente voltou a falar sobre o futuro da Ancine, nega censura e critica novamente o filme ‘Bruna Surfistinha’

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar sobre a polêmica envolvendo a Agência Nacional do Cinema. Em entrevista à jornalista Leda Nagle, divulgada nesta segunda-feira 5, o pesselista confirmou a ida do órgão para Brasília e garantiu que a partir de agora o governo controlará a escolha dos filmes que receberão investimento público.

“Eu não estou censurando, mas esse tipo de filme eu não quero [se referindo ao filme “Bruna Surfistinha”]. Nada contra a cultura, mas mudou o presidente”, afirmou Bolsonaro. O presidente voltou a defender o fim do órgão caso não consiga ter controle sobre os funcionários, já que alguns são eletivos e não podem ter interferência política. “Não tem nada que o poder público tenha que se meter em fazer filme”, disse.

A Ancine foi criada em 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso, e é composta por nove titulares e nove suplentes. Os integrantes são responsáveis por aprovar diretrizes gerais para o desenvolvimento da indústria audiovisual e estimular a presença do conteúdo brasileiro nos segmentos de mercado.

Em 18 de julho, o presidente da República anunciou a transferência da agência do Rio para Brasília e tirou o Conselho Superior do Cinema do Ministério da Cidadania para colocá-lo na Casa Civil. Para justificar a decisão, o presidente criticou o conteúdo do filme “Bruna Surfistinha”, que narra a história de uma garota de programa.

Presidente da OAB

Em outra parte da entrevista, Bolsonaro comentou sobre a afirmação que fez sobre o pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. “Não me arrependo, o que falei tá falado”, disse.

A polêmica começou quando Bolsonaro criticou a atuação da OAB no caso da facada sofrida por ele, quando ainda era candidato à presidência, e atacou a memória do pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, que foi preso e morto pela ditadura. “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele”, afirmou Bolsonaro.

Diretos trabalhistas e terceirizações

O presidente também comentou sobre a agenda liberal defendida por sua equipe econômica. Ele deixou claro que a meta é privatizar o máximo possível. “Algumas estatais são verdadeiros ninhos de ratos”, disse.

Quanto aos direitos trabalhistas, Bolsonaro voltou a defender a extinção para que o emprego volte a crescer no País. Utilizando os EUA como exemplo, que têm uma política fraca na área, o pesselista disse que a meta é criar emprego, mesmo que os direitos não existam.

Ao falar sobre a sua relação com a mídia, Bolsonaro volta a atacar o jornalismo. “O dia que eu não for criticado por essa mídia nossa, é porque estou fazendo algo errado”, afirmou.

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