Política

Bolsonaro não assinará carta pró-democracia: ‘Não preciso falar se sou democrata ou não’

Horas antes, o ex-capitão atacou diretamente os signatários de outro manifesto: ‘Caras de pau e sem caráter’

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Sergio Lima/AFP
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira 2 que não assinará um manifesto em defesa da democracia e do sistema eleitoral articulado pela Fiesp, com o apoio de entidades como a FecomercioSP e a Febraban.

Ele deve comparecer em 11 de agosto à sede da federação, na cidade de São Paulo. O dia será marcado por dois dois atos na capital paulista em defesa da Justiça Eleitoral e contra as investidas do ex-capitão sobre o pleito de outubro.

“Essa carta é política. Eu não preciso falar se sou democrata ou não. Olha as minhas ações. Essa carta, como está, você não precisa assinar. É em gestos. O outro lado é ligado a ditaduras”, afirmou Bolsonaro em entrevista ao SBT. “Eu comprovo que sou democrata pelo que fiz. Me aponte uma palavra ou um ato fora das quatro linhas da Constituição.”

Horas antes, em entrevista à Rádio Guaíba, ele atacou diretamente os signatários de outro manifesto, organizado na Faculdade de Direito da USP.

Até esta terça, mais de 665 mil pessoas assinaram a Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito.

“Esse pessoal que assina esse manifesto é cara de pau, sem caráter. Não vou falar outros adjetivos, porque sou uma pessoa bastante educada.”

À emissora gaúcha, Bolsonaro tornou a ligar as assinaturas de banqueiros a supostas perdas financeiras decorrentes do lançamento do Pix. Também mirou artistas e comunistas, em uma repetição de seus clichês de extrema-direita.

“Artistas que foram desmamados na Lei Rouanet. Quando cheguei aqui, esses artistas importantes, que viviam apoiando o governo, em especial da Bahia, podiam pegar até 10 milhões de reais por mês da Lei Rouanet. Então essas pessoas perderam isso aí”, prosseguiu. “Olha os perfis do políticos. Só no Brasil gente do partido comunista defende democracia.”

O site que hospeda o manifesto e as assinaturas é alvo de uma ofensiva cibernética desde a terça-feira 26, quando o texto foi apresentado. Já houve mais de 2,4 mil tentativas de ataques hackers, segundo os organizadores.

Entre os signatários há banqueiros, empresários, artistas, advogados, membros do Ministério Público e 12 ex-ministros do Supremo Tribunal Federal.

Também aderiram ao manifesto oito das maiores centrais sindicais do Brasil: CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Pública e Intersindical Central da Classe Trabalhadora.

Na lista dos empresários a endossarem o texto em defesa da democracia estão Walter Schalka, presidente da Suzano; Roberto Setúbal, ex-presidente do Banco Itaú; Natália Dias, CEO da Standard Bank; Pedro Moreira Salles, presidente do conselho de administração do Itaú Unibanco; Pérsio Arida, ex-presidente do BNDES e do Banco Central; e Tarcila Ursini, conselheira de administração da EB Capital.

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