Política

Bolsonaro na ONU: 5 momentos que viraram piada na internet

Auxílio de mil dólares, cristofobia, florestas que não propagam fogo, índios que desmatam e hidroxicloroquina: veja repercussão

O presidente Jair Bolsonaro, durante gravação de discurso à ONU. Foto: Marcos Corrêa/PR
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O presidente Jair Bolsonaro usou argumentos curiosos ao se defender de críticas na Assembleia Geral das Nações Unidas, onde discursou pela segunda vez em sua gestão nesta terça-feira 22.

 

Para especialistas, o presidente contrariou números e fez um dos discursos mais vazios da história da ONU. Nas redes sociais, com bom humor – e uma dose de estarrecimento -, internautas manifestaram opinião similar.

Veja, a seguir, os cinco momentos do discurso que viraram piada na internet.

Auxílio emergencial de mil dólares

No discurso, Bolsonaro disse que “concedeu auxílio emergencial em parcelas que somam aproximadamente 1000 dólares para 65 milhões de pessoas”.

Conforme já mostrou CartaCapital, de fato, o auxílio emergencial atingiu recordes de redução na extrema pobreza e virou trunfo de Bolsonaro, mas a incerteza ainda tira o sono dos informais e desempregados.

Internautas lembraram que, inicialmente, o governo defendia o valor de 200 reais para o auxílio. Com resistência do Congresso Nacional, que considerou o valor baixo, o Palácio do Planalto aceitou aumentar a cifra.

Além disso, usuários apontaram que Bolsonaro turbinou a estimativa. O site de checagem Aos Fatos também concluiu que houve exagero: com pagamento a partir de abril, as parcelas do auxílio de 600 reais chegaram a 4,2 mil reais. Na cotação do dólar, diz a agência, o total é equivalente a 771,49 dólares.

https://twitter.com/IzabellaCastr15/status/1308438528737640451

Combate à cristofobia

Bolsonaro também fez um “apelo a toda comunidade internacional pela liberdade religiosa” e pediu apoio ao “combate à cristofobia”.

A repórter de CartaCapital Thais Reis Oliveira lembrou que há cristãos perseguidos em outros países no mundo, mas, no Brasil, igrejas dão calotes e a bancada da Bíblia ocupa boa parte da Câmara dos Deputados.

https://twitter.com/thaisr_/status/1308410577157591041

Florestas são úmidas e não propagam incêndios

Bolsonaro minimizou os incêndios na Amazônia e no Pantanal, alegando que “nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior”.

Para o Observatório do Clima, o discurso do presidente é delirante e contraria números.

Em entrevista a CartaCapital, o secretário-executivo da organização, Marcio Astrini, apontou que, no Pantanal, pelo menos 20% do bioma está afetado, com aumento de mais de 200% em focos de incêndio, enquanto as multas ambientais diminuíram 47% no mesmo período. Já na Amazônia, os alertas de desmatamento dobraram na região depois que o presidente tomou posse.

https://twitter.com/sudornelles/status/1308436967663841280

Caboclos e índios são culpados por queimadas

Ao se defender sobre os índices descontrolados de desmatamento, Bolsonaro disse que “os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas”.

https://twitter.com/memecrata/status/1308443747789811714

Reajuste de 500% na produção de cloroquina

Ao falar sobre a pandemia do coronavírus, Bolsonaro disse que “a grande lição” é que “não podemos depender apenas de umas poucas nações para produção de insumos e meios essenciais”.

Essa preocupação já havia sido exposta pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, em relação à China, já que o país asiático detinha a produção de itens substanciais para a proteção contra o coronavírus. Mas dessa vez Bolsonaro preferiu aproveitar para insistir no uso da hidroxicloroquina como forma de tratamento contra a Covid-19, mesmo sem eficácia comprovada cientificamente.

“Somente o insumo da produção de hidroxicloroquina sofreu um reajuste de 500% no início da pandemia”, disse o chefe do Palácio do Planalto.

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