Política

Bolsonaro estuda desmembrar ministério da Justiça e aprofunda crise com Moro

‘Lógico que Moro deve ser contra’, diz o presidente, ao anunciar que questão está sendo estudada

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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O Ministério da Justiça e Segurança Pública pode ser repartido no meio novamente. É o que estuda o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mesmo sabendo que o seu ministro mais popular, Sérgio Moro, não ficaria contente com a mudança na própria pasta.

Ao sair do Palácio do Planalto nesta quinta-feira 23, Jair Bolsonaro disse a jornalistas que a demanda pela repartição do ministério teria vindo de secretários estaduais de segurança pública. “Isso é estudado. É estudado com o Moro… Lógico que o Moro deve ser contra, mas é estudado com os demais ministros”, relatou. Na quarta-feira 22, o presidente reuniu-se com alguns dos secretários para uma reunião sobre o assunto. Sérgio Moro não estava presente.

A pasta da Segurança Pública foi criada no governo de Michel Temer e, depois, acoplada ao Ministério da Justiça na formulação do governo Bolsonaro.

 

Quando aceitou o convite de Bolsonaro para se tornar ministro, Moro destacou suas pretensões em atuar no combate ao crime organizado e à corrupção. “[…] a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito à Constituição, à lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão”, disse Moro, em nota, ao divulgar sua decisão à imprensa.

Bolsonaro, por sua vez, também exaltou um futuro papel de combate ao crime. Com um novo ministério, as funções do ministro, que deixou de ser ídolo da Lava-Jato para chegar ao poder, seriam desidratadas. O comando da Polícia Federal, caso se seguisse o mesmo modelo adotado por Temer, não estaria mais sob a alçada do ministro.

O presidente afirmou que a fusão dos ministérios não estava prevista antes do convite a Moro, apesar das demandas prévias para assumir o cargo. “Se for criado, aí o Moro fica na Justiça. É o que era inicialmente. Tanto é que, quando ele foi convidado, não existia ainda essa modulação de fundir com o Ministério da Segurança”, disse Bolsonaro.

A popularidade de Sérgio Moro não parece agradar o Palácio do Planalto, que vê o ministro como um provável futuro candidato à presidência. Moro, até o momento, nega os rumores. O ministro já sofreu consecutivas derrotas em sua gestão, como a perda do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para o Banco Central e, mais recentemente, a sanção presidencial a criação do juiz de garantias – figura criticada pelo ministro e que foi derrubada, por enquanto, pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal.

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