Política
Bolsonaro é alvo de representação criminal por racismo
A peça pede a responsabilização do presidente por comentários racistas sobre um apoiador com cabelo black power
Chegou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, uma representação contra o presidente Jair Bolsonaro por crime de racismo. A peça, assinada por membros do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União, do Ministério Público do Trabalho e de Ministérios Públicos estaduais, pede que a PGR determine a “imediata apuração de responsabilidade criminal e política” de Bolsonaro por ter comparado o cabelo de um homem negro a um “criatório de baratas”.
Segundo a representação, em uma live que foi ao ar no dia 8 de julho o presidente fez aos risos a comparação e ainda zombou da higiene de um jovem com cabelo black power.
“Você não pode tomar ivermectina, vai matar todos os seus piolhos”, disse Bolsonaro, citando o vermífugo que costuma defender para o tratamento da Covid-19. O medicamento teve a ineficácia finalmente admitida pelo Ministério da Saúde em ofício enviado à CPI da Covid nesta quarta-feira 14.
A representação traz ainda outro episódio, ocorrido no dia 6 de maio no “cercadinho” do Palácio da Alvorada. Nesse caso, o presidente, ao perceber um homem com cabelo black power, disse: “Tô vendo uma barata aqui”. Bolsonaro também perguntou “o que ele cria na cabeleira”.
Para os representantes, o ato do presidente se encaixa no artigo 20 da Lei 7.716, de 1989, que define o crime de racismo.
“Necessário contextualizar que as falas do Presidente não se encontram isoladas de um longo e reiterado repertório de discursos de cunho preconceituoso e discriminatório contra a população afrodescendente”, afirmam no documento, relembrando outras declarações de Bolsonaro.
Na argumentação, o grupo ainda aponta que o presidente mantém Sergio Camargo à frente da Fundação Palmares, apesar de ele se negar até a reconhecer o racismo no Brasil.
A representação sugere, por fim, a responsabilização política do presidente, considerando que os comportamentos também se enquadram na lei que define os crimes de responsabilidade.
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