Política

Bolsonaro diz que Enem teve questão ideológica e que não interferiu na prova

Apesar da declaração, o presidente voltou a admitir que seu governo atuou para mudar o teor das questões do Exame

Foto: Reprodução
Apoie Siga-nos no

Menos de 24 horas após a aplicação do primeiro dia de provas do Enem 2021, o presidente Jair Bolsonaro veio a público para novamente negar que tenha interferido na elaboração da prova. Em conversa com apoiadores nesta segunda-feira 22, ele disse que as questões ideológicas que teriam aparecido na prova aplicada no domingo 21 seriam a comprovação de que seu governo não censurou questões.

“Tão acusando aí o ministro Milton [Ribeiro] de ter interferido na elaboração das provas. Ora, se ele tivesse a capacidade e eu não teria nenhuma questão de ideologia nessa prova, que teve ainda. Você é obrigado a aproveitar o banco de dados de anos anteriores”, disse.

Em seguida, no entanto, voltou a admitir que seu governo atuou para mudar o teor das questões e que já seria possível ver os primeiros resultados neste teste. Vale lembrar que este é o terceiro ano seguido que a prova não aborda questões sobre a ditadura no Brasil, um dos temas barrados pelo governo, de acordo com as denúncias de servidores do Inep.

“Agora dá pra mudar? Já está mudando. Vocês não viram mais a linguagem de tal tipo de gente com tal perfil. Não existe isso aí. A linguagem do que o cara faz entre quatro paredes é problema dele. Agora não tem mais aquilo de linguagem neutra de não sei de quem. Não tem mais”, destacou em referência a uma questão de 2018, quando o Enem abordou um dialeto usado por comunidades LGBTI+.

Ainda na conversa com os apoiadores, o presidente usou boa parte do tempo para tratar das eleições de 2022 e pregar contra adversários políticos. Em uma das declarações, atacou Fernando Haddad, do PT, por ter supostamente destruído a Educação durante a sua gestão no ministério.

“Vantagem do Haddad na Educação foi que ele deixou uma Educação que não pode piorar. Somos o último do Pisa, então não tem como piorar”, ironizou.

O ex-capitão também fez piada com a interrupção das prévias do PSDB e aproveitou o tema para novamente atacar o sistema eletrônico de votação.

“Não vou falar nisso que não é o meu partido, mas deu uma confusão ontem em São Paulo. É o tal do voto eletrônico”, disse rindo. Em seguida, usou o declaração como gancho para reafirmar a possível candidatura de Tarcísio Freitas, ministro da Infraestrutura, para o governo do estado.

Na conversa, foi ainda questionado sobre a proposta do semipresidencialismo, defendida por integrantes do STF e políticos da centro-direita, como o presidente da Câmara, Arthur Lira.

“Tem certas coisas que é tão idiota que não dá nem pra discutir. Eu não vou começar a bater boca com ninguém sobre esse assunto [semipresidencialismo]. É coisa idiota. Agora eu falo que jogo dentro das quatro linhas, quem sai fora, aí eu sou obrigado a sair pra combater o cara fora das quatro linhas”, respondeu ao bolsonarista.

“Se for levar ao pé da letra o semipresidencialismo ou outro regime parecido, eu teria poder pra dissolver o Congresso. Olha aí”, acrescentou em mais um aceno golpista.

As declarações foram acompanhadas pelo jogador de vôlei Maurício Souza, demitido recentemente do Minas Tênis Clube após declarações homofóbicas.

 

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo