Política

Bolsonaro defende Daniel Silveira, ataca Barroso e diz ao TSE: Sou o chefe das Forças Armadas

‘Nos convidaram? Nós não seremos moldura. Não iremos para lá para bater palmas’, declarou o ex-capitão sobre o processo eleitoral

O presidente Jair Bolsonaro (PL) em ato televisionado pela emissora estatal. Foto: Reproduçãp
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou o movimento de reaproximação do Tribunal Superior Eleitoral com as Forças Armadas para a condução do processo eleitoral, meses depois após o ministro Luís Roberto Barroso ter convidado, sem sucesso, o general Fernando Azevedo e Silva para assumir a direção-geral da Corte.

Em solenidade dedicada a uma suposta defesa da liberdade de expressão, por ocasião da condenação do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) pelo Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro lembrou, em uma menção a Barroso, que comanda as forças de segurança.

“Eles convidaram as Forças Armadas a participar do processo. Será que ele se esqueceu de que o chefe das Forças Armadas se chama Jair Messias Bolsonaro?“, disse.

Em outro trecho, Bolsonaro disse que as Forças Armadas não servirão de “moldura” na observação da eleição.

“Nos convidaram? Nós não seremos moldura. Não iremos para lá para bater palmas”, declarou.

As declarações ocorrem em um momento de tensão entre os militares e Barroso, ex-presidente do TSE. O magistrado havia dito esta semana que as Forças Armadas estão sendo orientadas para atacar as eleições, e o Ministério da Defesa, em resposta, classificou a afirmação como ofensa grave. O atrito mobilizou o atual presidente da Corte Eleitoral, Edson Fachin, a apaziguar a situação.

Na solenidade, ex-capitão voltou a criticar Barroso pelo inquérito da Polícia Federal vazado no ano passado, em live, que tratava de uma invasão ao sistema eleitoral em 2018. Embora o TSE reafirme que a invasão não levou a fraudes na votação, Bolsonaro disse que a eleição de 2020 não deveria ter ocorrido antes da conclusão da investigação.

Ele afirmou ainda que Barroso “mente” ao dizer que o inquérito era sigiloso e que Bolsonaro não poderia ter levado o documento a público.

O presidente disse ter realizado nesta quarta 27 uma reunião com executivos do WhatsApp e questionado a costura de um possível acordo com o TSE para a eleição deste ano.

“Conversei com eles. Tem acordo ou não tem com o TSE? Se tem acordo, que acordo é esse que tá passando por cima da Constituição? Vou entrar em campo usando o meu Exército, os meus 23 ministros“, declarou.

O ex-capitão aproveitou a cerimônia para comparar o caso de Daniel Silveira e a si próprio à prisão da ex-presidente da Bolívia Jeanine Áñez, acusada de promover um golpe de Estado no país em 2019.

“Tenho certeza. Eu jamais serei uma Jeanine. Jamais. Porque, primeiro, acredito em Deus. E, depois, acredito em cada um de vocês que estão aqui.”

A solenidade tinha a presença de diversos parlamentares bolsonaristas contrários à condenação de Daniel Silveira. Segundo eles, os ofendidos com as declarações do parlamentar poderiam ter entrado com um processo, mas não determinado uma prisão. Bolsonaro foi aplaudido ao defender sua decisão de conceder a Silveira um indulto, instrumento presidencial que perdoa um condenado por um crime.

“O decreto é constitucional e será cumprido”, afirmou o presidente. “Se coloque no lugar dele. Nove anos de cadeia, perda de mandato, inelegibilidade, multa. Que país é esse? […] Temos que defender a nossa liberdade.”

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