Política

Bolsonaro chama mulheres de “joias raras” e defende representatividade

Fala do presidente não condiz com a realidade do seu governo, que só tem duas mulheres ocupando ministérios

Wilson Dias/Agência Brasil
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Para parabenizar o Dia Internacional da Mulher, nesta sexta-feira 8, o presidente Jair Bolsonaro fez uma postagem em seu Twitter dizendo que fará de tudo para “estas joias raras” se sentirem representadas em seu governo.

Junto com a mensagem, o presidente postou um vídeo da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, falando sobre dados de violência contra as mulheres no Brasil e defendendo o ensino domiciliar. Nem a ministra, nem o presidente explicaram o que essa pauta tem a ver com o Dia das Mulher. “O ensino domiciliar é um apelo da família brasileira”, afirmou Damares.

Leia também: Os projetos conservadores que são ameaças reais às mulheres em 2019

Por mais que o presidente defenda a representatividade feminina neste dia, o seu governo está bem longe dessa realidade. Dos 22 ministérios estruturados por Bolsonaro, apenas 2 são liderados por mulheres – Mulher, Família e Direitos Humanos, por Damares Alves, e Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com Tereza Cristina.

Reforma da Previdência

Nesses quase 70 dias em que está no poder, Bolsonaro coleciona polêmicas – de escândalo de corrupção a vídeo obsceno postado em suas redes sociais. Outras partes controversas do seu governo foram os projetos que o presidente enviou para os Congresso, quase todas ameaçando o direito das mulheres.

A proposta de Reforma de Previdência, se aprovada, irá retirar direitos e aprofundar a desigualdade entre homens e mulheres. A ideia do governo é elevar a idade mínima da aposentadoria das mulheres para 62 anos, além de estipular 20 anos como tempo mínimo de contribuição, igual para homens e mulheres.

Leia também: "Os direitos das mulheres são os primeiros a serem negociados, sempre"

A ideia ignora o fato de as mulheres ainda cumprirem tripla jornada de trabalho, acumulando o serviço doméstico e de cuidados. A transição para um sistema de capitalização privada, em que o cálculo da aposentadoria é feito com base nos salários recebidos, e não em valores fixos, também afetará especialmente as mulheres, levando em conta que elas ainda recebem os menores salários, em especial as mulheres negras.

Posse de armas

flexibilização no Estatuto do Desarmamento, que estabelece as regras da posse de armas, já sancionada e que pode avançar ainda mais, segundo o próprio ministro da Justiça, Sérgio Moro, é como um agravante às já altas taxas de feminicídio.

Segundo recente levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 80% das agressões contra mulheres são praticadas por alguém próximo, como marido, namorado, pai, ex-companheiro ou até vizinho. E 40% dos casos aconteceram no interior da própria casa.

Especialistas afirmam que a letalidade dessas agressões aumentará com mais armas dentro de casa.

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