Política
Bolsonaro ataca PSL e Witzel em 1ª convenção do Aliança pelo Brasil
Leitura dos princípios do partido teve sequência de citações a Deus e de repúdios ao socialismo
O presidente Jair Bolsonaro participou em Brasília (DF), nesta quinta-feira 21, da primeira convenção do partido Aliança pelo Brasil, sua nova legenda após se desfiliar do PSL. Bolsonaro foi anunciado como presidente do partido e seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), como vice.
Após ser recebido aos gritos de “O capitão chegou”, o presidente Jair Bolsonaro fez longo discurso de estreia na legenda. Nos pontos altos, Bolsonaro afirmou que deixou o PSL após negociações que considerou inapropriadas.
“Esse foi o problema do partido que deixei há poucas horas: negociar legenda, vender tempo de televisão e fazer do partido um negócio para ele”, afirmou.
O presidente também atacou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Segundo Bolsonaro, Witzel seria derrotado nas eleições se Flávio Bolsonaro não o apoiasse, e após ser alçado ao cargo de governador, passou a sonhar com a presidência da República.
Bolsonaro também voltou a acusar Witzel de utilizar a Polícia Civil do Rio de Janeiro para incriminá-lo com o depoimento do porteiro do condomínio Vivendas da Barra. O presidente também revelou que já sabia da exibição da matéria na TV Globo sobre a citação de seu nome no processo do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, dias antes de ir ao ar,
“Ele [Witzel] colocou na cabeça dele destruir a reputação da família Bolsonaro. Minha vida virou um inferno depois das eleições de Witzel”, afirmou. Em seguida, defendeu a inocência do filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ).
No início do evento, a advogada Karina Kufa enumerou, em discurso, quatro princípios da legenda: o primeiro, “respeito a Deus e à religião”; o segundo, “respeito à memória, identidade e cultura do povo brasileiro”; o terceiro, “defesa da vida, da legítima defesa, da família e da infância”; e, por último, “garantia da ordem, da representação política e da segurança”.
No primeiro princípio, Karina afirmou que “a Aliança reconhece o lugar de Deus na vida, na história e na alma dos brasileiros” e disse que o povo é “religioso e solidamente educado na base do cristianismo”.
“Jamais a laicidade do Estado significou ateísmo obrigatório, como ocorre em regimes totalitários que perseguem a religião”, disse a advogada.
No segundo princípio, ela disse que o partido se compromete na luta pela “restauração da cultura” e se esforçará por combater o socialismo, o comunismo, o nazifascismo e o “globalismo”, que chamou de “ideologias nefastas que tanto mal causaram e ainda causam ao Brasil, à América Latina e ao mundo”.
No terceiro princípio, Karina afirmou que a sigla vai se esforçar pelo combate “à erotização da infância e ideologia de gênero” no sentido de “banir” o que chamou de “chaga ideológica de nosso país”. Ela também frisou a defesa ao “direito inalinenável de possuir e portar armas”.
No princípio seguinte, ela reiterou repúdio a “todas as suas vertentes” do socialismo e do comunismo e defendeu a proteção do livre mercado e da propriedade privada.
Entre os presentes no evento, estavam o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o dono da empresa Havan, Luciano Hang, e a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Bolsonaro declara o término da relação com o PSL após escândalos que envolvem candidaturas laranjas, seguidos de desavenças com importantes figuras da legenda, como o presidente do PSL, Luciano Bivar, a ex-líder do governo no Congresso Nacional, deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), e o ex-líder da sigla na Câmara, deputado federal delegado Waldir (PSL-GO).
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.