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Biden diz a Bolsonaro esperar que resultado da eleição seja respeitado, afirma porta-voz

‘A gente não tolera, não aceita intervenção no sistema eleitoral em nenhum lugar’, afirmou a diplomata americana Kristina Rosales

O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Foto: Chandan Khanna/AFP
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O presidente americano, Joe Biden, deixou claro para o presidente Jair Bolsonaro (PL) que os Estados Unidos esperam que o resultado da eleição brasileira seja respeitado, segundo a porta-voz em português do Departamento de Estado americano, Kristina Rosales.

“O que os Estados Unidos falam é: nós acreditamos no sistema que está ali, sabendo que é um sistema que tem funcionado antes, que tem sido responsável pelo resultado do voto democrático e, para nós, estamos acreditando nesse sistema seguro e confiável. E isso foi certamente o que o presidente Biden comunicou ontem, dizendo que nós acreditamos nisso e esperamos que o resultado, seja qual for, que esse resultado também seja respeitado, que foi então o que nós interpretamos também pela fala dele, do presidente Bolsonaro”, afirmou Rosales.

Segundo ela, Biden saiu “satisfeito” do encontro com o presidente brasileiro.

“A gente não tolera, não aceita intervenção no sistema eleitoral em nenhum lugar. Então, a gente quer que seja o resultado exatamente da voz do povo brasileiro”, afirmou a diplomata americana a jornalistas.

Diante de Biden, Bolsonaro defendeu a realização de eleições justas e “auditáveis”. Bolsonaro tem feito repetidas investidas contra o sistema eleitoral brasileiro, com acusações sem prova sobre a confiabilidade do processo de voto.

Quando defende que as eleições sejam auditáveis, Bolsonaro argumenta que o sistema atual não é passível de auditoria, o que é incorreto. Ele já chegou a sugerir, inclusive, que as Forças Armadas façam uma contagem paralela de votos e têm colocado em xeque a imparcialidade de ministros do Tribunal Superior Eleitoral, responsável pela realização de eleições. A tática é a mesa usada pelo ex-presidente americano Donald Trump, que não aceitou a transição de governo pacífica após perder a eleição para Biden e incitou uma turba de apoiadores que invadiu o Capitólio em 6 janeiro de 2021.

A questão era considerada uma das mais incômodas para o encontro entre os dois presidentes. Os Estados Unidos têm mandado recados claros, por interlocutores diversos, a Brasília, com pedido de que Bolsonaro respeite o resultado eleitoral e diminua a retórica de ataques às urnas. Na quinta-feira, depois do encontro com Biden, diplomatas brasileiros respiraram aliviados e comemoraram como uma vitória o fato de o americano não ter feito cobranças públicas a Bolsonaro sobre o assunto. Como anfitrião da Cúpula das Américas, Biden convidou Bolsonaro para o encontro em Los Angeles e, por isso, a expectativa nos dois governos era a de que não houvesse críticas ou hostilidades por parte do americano.

Nesta sexta-feira 10, a diplomacia americana afirmou que o assunto foi tratado com e que os EUA esperam que Bolsonaro cumpra seu compromisso de deixar o cargo de forma democrática, se perder a eleição.

“O que o presidente Biden falou ontem e o que nossa diplomacia americana, tanto no sentido da Casa Branca como no nível de trabalho do Departamento de Estado, (tem falado) é que confiamos plenamente que o sistema que está funcionando hoje em dia no Brasil, esse sistema que funcionou para os outros presidentes, seja Dilma, seja Lula, seja Fernando Henrique Cardoso, que é o jeito que a gente acredita que vai continuar dando resultado e sendo, então, representativo da voz do povo brasileiro”, afirmou Kristina Rosales.

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