Opinião

As pérolas do líder da bancada ruralista

Prepare o seu coração para as coisas que vou lhe contar

A entrevista do líder da bancada ruralista é um festival de joias raras
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Preparava-me para publicar na coluna parte de estudo que faço valendo-me do 14º Anuário do Agronegócio, publicado pela revista Globo Rural, com “As 500 Maiores Empresas do Agro”, quando fui castigado. Talvez, por vir cometendo atos de ódio cada vez mais frequentes. Como fizeram com o “Assum Preto”, de Luiz Gonzaga, furaram meus ‘zóios’ a entrevista dada ao Valor(3/12/2018) pelo deputado Alceu Moreira (MDB-RS), futuro presidente da bancada ruralista no Congresso. Como no caso do triste pássaro, queriam ver-me ‘cantá mió’, verão.

Nem fuçarei nas contas que tem a prestar à justiça gaúcha, embora saiba que as tem. Posso, sim, alertá-los de que, como vice-presidente da FPA, Frente Parlamentar da Agropecuária, foi quem indicou a sua presidente, Tereza Cristina (DEM-MS), para ministra da Agricultura do futuro presidente dele e de quem naquilo votou.

Antes de anotar suas pérolas (menos a negra, que esta é de Luiz Melodia), um pouco de história.

Quando o pensamento científico e os setores mais progressistas da sociedade perceberam que o crescimento da agropecuária se dava em detrimento da preservação ambiental, do respeito ao labor rural, concorrendo para as mudanças climáticas do planeta, e passaram a cobrar das três instâncias de governo leis mais rígidas ou que, pelo menos, se cumprisse as já existentes, a tímida “Banda Laissez-faire”, de palpiteira na Constituição de 1988, como Frente Ampla Ruralista, foi se multiplicando em diversas siglas (UDR, SRB, CNA) até, hoje em dia, ser considerada “Sinfônica Laissez-faire”. O forte da orquestra é a harmonia interna e externa com os lobbies multinacionais.

Sofri, mas vamos lá.

Título: “Bancada ruralista não será aliada automática”. Lide: “(…) frente só terá posição e não será base de Bolsonaro”. Justificativa: “Temos deputados de todos (sic) os partidos. Dificilmente vai compor com todo mundo”.

Ô PT, PSOL, PCdoB, o que vocês andam fazendo sem nos contar? PDT, REDE, PSB, vocês também, perdendo essa? Na Diretoria, contei PMDB (4), PSD (3), PP (3), PR (2), PSDB, DEM, PODE, PTB, PV, um cada. Deu 17? Baita coincidência, hein?

Algumas assertivas suas para a apreciação dos leitores e leitoras:

“O governo anterior transformou o meio ambiente em um processo antagônico ao da agricultura. Parece que são opostos. Não são, são complementares.”

“O governo Bolsonaro foi eleito para fazer quebra de paradigma. Ele não vai permitir o troca-troca.”

“(A prioridade) é criar uma política de gestão territorial. (…) Ninguém vai multar coisa nenhuma (…) O cidadão é dono da propriedade e tem que estar com uma pasta debaixo do braço pedindo licença pro Ibama, Iphan?”

“Grande parte do que se diz que não pode fazer em terra indígena é para tirar o Brasil da competição internacional.”

“No caso dos defensivos agrícolas, temos que estabelecer quais os países com credibilidade de pesquisa científica e usar suas moléculas descobertas (…) sem que a Anvisa tenha que levar sete anos para validar.”

“[Funrural] queremos votar é uma lei que anistia o período de 2001 até 2017. Tenho decisão, em grau de liminar, que diz esse imposto não ser devido. O governo derrubou pela situação econômica.”

Breve nota: ao contrário de nosso diretor de Redação, são poucos os botões com que posso conversar. De meus conselheiros no “Dominó de Botequim”, escutei: Releia “As aventuras de Pinóquio”. O personagem foi criado, em 1883, pelo escritor florentino Carlo Collodi, (1826-1890). Ah, Rui, lembra-se do ano de morte de Karl Marx? Mais uma coisa, é verdade que a Disney vai produzir em live-action e o Tom Hanks fará o papel de Geppetto? Esse Alceu aí não cobraria menos?

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