Política

As mudanças que Lula precisa fazer nas redes sociais, segundo André Janones

Para o deputado, escalado pelo petista para integrar recentemente sua campanha digital, ou a esquerda sai de ambientes como ‘Fiesp, USP e Twitter’ e migra para o WhatsApp ‘ou já era’

Lula e André Janones. Foto: Ricardo Stuckert
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O deputado André Janones (Avante), que desistiu de concorrer ao Planalto para apoiar o ex-presidente Lula (PT), disse nesta sexta-feira 12 que a comunicação digital da campanha do petista precisa promover mudanças urgentes em seus perfis oficiais ou estará sujeita a ser ‘ultrapassada’ por Jair Bolsonaro (PL) a menos das eleições.

A manifestação de Janones, escalado por Lula para contribuir com as estratégias nas redes sociais, ocorreu poucas horas após a divulgação de mais uma pesquisa que revelou o estreitamento da distância entre Lula e Bolsonaro. Para ele, o avanço do ex-capitão seria resultado de uma falha de comunicação do petista, que não ocupou de forma efetiva o Facebook e o WhatsApp, redes mais populares entre os brasileiros, para disputar narrativas como, por exemplo, os reais motivos do aumento do Auxílio Brasil.

“Pesquisa de hoje aqui em MG: diferença entre Lula e Bolsonaro cai de 18 para 9, com apenas dois dias de auxílio em 600 reais. Ou a esquerda senta no chão da fábrica para conversar com os operários ou já era”, alertou. “Detalhe: o chão da fábrica atualmente são as redes sociais, em especial o Face”, explicou então na sequência.

Pouco depois, Janones tornou a fazer uma série de publicações em que defendeu novas modificações no perfil de comunicação de Lula. Segundo escreveu, o primeiro passo necessário é que, em um curto período de tempo, os perfis do ex-presidente e de seus aliados troquem o uso de termos mais ‘técnicos’ por palavras ‘mais diretas’.

“Enquanto a esquerda não trocar ‘renda mínima’ por ‘dinheiro pro povo’, ‘carta em defesa a democracia’ ao invés de ‘carta em defesa do povo’, e ‘nossas diretriz de programa’ por ‘nossas propostas para os brasileiros’, o bolsonarismo continuará nadando de braçadas”, escreveu Janones.

Em seguida, ele passou a defender que a campanha passe a ocupar de forma mais significativa grupos de WhatsApp para poder chegar a quem, segundo ele, decidirá as eleições deste ano.

“Essas eleições serão decididas nas cidades interioranas, cidade de 2, 3, 20 mil habitantes, totalmente fora do radar da esquerda, mas onde o bolsonarismo tem livre acesso. Por lá, o Face é o WhatsApp por exemplo, não é uma rede, mas sim um ‘jornal’. O que sai por lá, vira verdade absoluta, instantaneamente. E o bolsonarismo sabe bem disso”, destacou.

Para Janones, a principal mudança a ser feita neste momento seria ‘sair da bolha’ e parar de promover discussões em fóruns já conquistados, como a Universidade de São Paulo, o Twitter e entidades como a Fiesp, que promoveram manifestações contrárias aos discursos de Bolsonaro.

Ele alega que aliados e eleitores habituais do ex-presidente Lula estariam equivocados ao acreditar que apoios de artistas com perfis ‘mais intelectuais’ como Caetano Veloso e Chico Buarque seriam suficientes para atrair votos das massas. “A arrogância de alguns setores da elite intelectual não lhes permite compreender que João Gomes com o seu ‘piseiro’ forma mais opinião hoje do que Chico e Caetano com sua genialidade”, defendeu Janones.

“Ou a gente sai das fiesps da vida, da USP e do Twitter e tomemos os grupos de Whats, as comunidades, as feiras populares e o interior do país, ou já era. Chega de esperar que o povo venha até nós, é hora de irmos ao povo!”, concluiu então o deputado nas suas redes.

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