Política

‘Forças Armadas precisam entrar urgentemente’, disse blogueiro bolsonarista a assessor do presidente, aponta PF

Policiais usaram mensagem para confrontar o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid

O BLOGUEIRO ALLAN DOS SANTOS. FOTO: ROQUE DE SÁ/AGÊNCIA SENADO O BLOGUEIRO ALLAN DOS SANTOS. FOTO: ROQUE DE SÁ/AGÊNCIA SENADO
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O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos disse a um assessor do presidente Jair Bolsonaro que as Forças Armadas ‘precisam entrar urgentemente’, um dia após grupos antifascistas protestarem contra o governo federal, em maio. A informação é do jornal O Estado de S.Paulo.

Segundo o jornal, a mensagem, enviada via WhatsApp, foi usada para confrontar o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, chefe da Ajudância de Ordem da Presidência e assessor de Bolsonaro, no âmbito do inquérito que apura o financiamento e a organização de atos antidemocráticos contra o Judiciário e o Legislativo.

Em depoimento prestado à Polícia Federal na sexta-feira 11, ao qual o jornal teve acesso, Cid afirmou que não se recordava de ‘ter estabelecido’ conversas com o blogueiro a respeito da ‘necessidade de intervenção das Forças Armadas’.

Os policiais, então, apresentaram a mensagem enviada por Allan dos Santos. De acordo com os investigadores, o blogueiro enviou um link para uma reportagem ao tenente-coronel, que respondeu um dia depois: ‘Grupos guerrilheiros/terroristas. Estamos voltando para 68, mas agora com apoio da mídia’.

Allan dos Santos, então, escreveu: ‘As FFAA (Forças Armadas) precisam ENTRAR URGENTEMENTE’, ao que Cid respondeu com um ‘Opa!’. Quando questionado sobre a declaração, o tenente-coronel disse que o seu ‘Opa!’ era ‘apenas uma saudação, como, por exemplo, Bom dia!’.

“Indagado se o declarante já manifestou, por qualquer meio ou forma ou a quem quer que seja, adesão à ideia de que as Forças Armadas são um poder moderador dos demais poderes da República, respondeu que não”, anotou a PF.

Cid ainda afirmou à polícia que Allan dos Santos ‘tem um posicionamento ideológico mais radical’ e que Jair Bolsonaro não concorda com as ideias do blogueiro. O militar ainda negou a existência do chamado ‘gabinete do ódio’ no Palácio do Planalto.

Fora do Brasil

Allan dos Santos, investigado no inquérito e na CPMI das Fake News, disse em 31 de julho que saiu do Brasil para se proteger. A declaração foi feita durante participação em live da deputada federal Bia Kicis (PSL). Na ocasião, o blogueiro ainda afirmou que, caso algo aconteça com ele, os suspeitos serão os chineses, os coreanos, os ministros do STF e o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

“Estou colocando a minha vida em risco dando essa informação porque eu tenho essa informação e estou aqui transmitindo para vocês. A única maneira de eu poder dar essa informação era fora do país. Hoje eu já estou fora do país, seguro, e estou aqui trazendo essa notícia para vocês”, declarou.

Alvo de duas operações de busca e apreensão da Polícia Federal, ordenadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o blogueiro disse que a intenção dos investigadores era colocar uma escuta telefônica em sua casa para reunir provas e criminalizar Jair Bolsonaro.

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