Política

Aras contradiz Bolsonaro e nega fraude nas urnas eletrônicas

Procurador-Geral da República afirma que o MPE acompanhou todos os processos e não há nenhuma prova que sustente as acusações do presidente

O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o procurador-geral da República, Augusto Aras. Foto: Isac Nóbrega/PR
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O procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifestou em defesa das urnas eletrônicas e contra as acusações de fraudes nas eleições. A afirmação dada em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo na quarta-feira 18 contradiz o presidente Jair Bolsonaro, o qual Aras tem sido acusado de ‘blindar’ juridicamente desde que assumiu a PGR.

“Juridicamente, o procurador-geral da República participou, na minha gestão em especial, de todos os atos pertinentes às eleições, legitimando as eleições, todas elas, inclusive com a minha pessoa, eu presente fisicamente a todos os atos com o ministro Barroso”, afirmou.

 

O PGR ainda completou reafirmando não ter encontrado provas de fraudes no sistema. “Não há nenhuma prova do Ministério Público Eleitoral”, garantiu.

Segundo Aras, essa afirmação já havia sido feita ‘por ele’ via Renato Brill de Góes, vice-procurador-geral eleitoral, que se posicionou favoravelmente ao sistema. Para o PGR, portanto, não houve omissão de sua parte.

“Lá no TSE tem um vice-procurador-geral eleitoral que, por força de lei, é delegado pelo procurador-geral da República, fala em nome do procurador-geral da República, representa o procurador-geral da República”, explica. “Quando o vice-procurador-geral eleitoral se manifesta, quem está se manifestando é o procurador-geral da República”, acrescentou.

Na entrevista ao jornal, Aras se esquivou de perguntas sobre os ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e também não opinou sobre decisões recentes da Corte, como a prisão de Roberto Jefferson.

“O PGR não é um agente político no sentido partidário. E assim tenho me comportado”, destaca ao dizer que por força da norma não irá se posicionar.

Segundo explicou, seu diálogo com o tribunal e com os ministros é ‘permanente’ e, ainda que as posições sejam divergentes em alguns casos, há um ‘respeito à divergência’ entre os dois lados.

Aras também se esquivou aos questionamentos em relação à demora com que a procuradoria tem se manifestado em casos contra o presidente, como o não uso de máscaras, por exemplo. De acordo com o procurador-geral, as ações nem sempre são tomadas por ele, mas sim por outros procuradores.

“É preciso registrar que, talvez, 90% ou mais das matérias [jornalísticas] que saem com Aras não foi Aras. Foi um colega que tem independência funcional, foi um colega que age e responde pelos seus atos, pelos seus pensamentos”, destaca o PGR.

O PGR também foi questionado sobre a queixa-crime contra o professor da USP Conrado Hübner Mendes, que o chamou de ‘Poste-Geral da República’, rejeitada nesta semana pela Justiça.

“Não tenho o que me manifestar. A Justiça tem grau de jurisdição. Existe sempre recurso, né?”, afirmou. Em seguida explicou que foi à Justiça contra o professor por considerar a declaração um ‘ataque à honra’ e não uma ‘crítica fundamentada’.

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