Política

“Amazônia é nossa, não é como o papa tuitou ontem não”, diz Bolsonaro

Presidente alfinetou papa Francisco por texto assinado após sínodo na Amazônia; pontífice recebeu Lula nesta quinta-feira 13

O presidente da República, Jair Bolsonaro, ironizou exortação pós-sinodal publicada pelo papa Francisco. Foto: Reprodução/Facebook
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Em transmissão ao vivo nas redes sociais, nesta quinta-feira 13, o presidente Jair Bolsonaro ironizou o texto da exortação apostólica pós-sinodal publicada pelo papa Francisco nesta semana. Na quarta-feira 12, o papa publicou uma exortação, uma espécie de orientação para os fiéis, com o nome de “Querida Amazônia”. No texto, replicado em sua conta no Twitter, o papa se dirige ao mundo para “ajudar a despertar a estima e solicitude pela Amazônia, que também é nossa”.

Na live, Bolsonaro afirmou que quer mostrar ao mundo que tem preocupação com a floresta brasileira. Ele explicava sua decisão em dedicar ao seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão, a tarefa de dirigir o Conselho Nacional da Amazônia.

“Ele está mais do que capacitado a desempenhar muito bem essa missão e mostrar para o mundo que estamos preocupados com a Amazônia. A Amazônia é nossa, não é como o papa tuitou ontem não, tá? A Amazônia é nossa. E nós queremos preservá-la e fazer com que possamos então nos beneficiar dos seus recursos de forma sustentável”, disse.

A exortação do papa foi assinada em 2 de fevereiro após a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica, realizada entre 6 e 27 de outubro de 2019, em Roma. Nesta quinta-feira 13, o papa recebeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Vaticano, e debateu a questão ambiental e o combate à pobreza.

Presidente chama deputado de desqualificado

Bolsonaro também atacou o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) por ter chamado o ministro da Justiça, Sergio Moro, de “capanga de milícia”. O parlamentar e o ex-juiz discutiram em uma audiência na Câmara dos Deputados, na quarta-feira 12.

O presidente leu um texto escrito por Moro nas redes sociais, que acusa o PSOL de ter discordado de um trecho do pacote anticrime que propunha que milícias fossem qualificadas, expressamente, como organizações criminosas.

“Então o PSOL defende as milícias”, disse Bolsonaro. “Eu não quero me aprofundar aqui porque sou do Rio de Janeiro, temos uma noção do que acontece no Rio de Janeiro, mas o PSOL aqui foi contra criminalizar as milícias no projeto anticrime de Sergio Moro. Então, como disse Sergio Moro, aquele parlamentar é um desqualificado”, afirmou.

“Se um dia o parlamento aprovar o aborto, a gente veta”

O presidente afirmou que, no sábado 15, atenderá a um convite do pastor R.R. Soares e comparecerá a um culto evangélico no Show da Fé, evento religioso realizado no Rio de Janeiro.

Em seguida, agradeceu a evangélicos e católicos que o apoiaram na campanha presidencial de 2018, por uma pauta que, segundo ele, iniciou em 2010, quando o Ministério da Educação da época propôs uma política de combate à homofobia nas escolas.

“Essa pauta não foi por ocasião das eleições de 2018, já começou desde 2010, lá trás, quando o ministro Haddad, da Educação, queria ali… deixa eu ver para eu não errar as palavras e não ser processado… queria ali ensinar besteira para a criançada, coisa que os pais não admitiam. Eu tomei conhecimento daquele material esquisito que não era compatível pela idade das crianças”, afirmou.

Em seguida, reafirmou sua posição religiosa em defesa da família e disse que vetará uma proposta de legalização do aborto, caso seja aprovada no Congresso Nacional.

“Nunca neguei aqui que sou cristão, defendendo a criança em sala de aula, defendendo a família. Eu não concordo com o aborto. Se um dia o parlamento aprovar, eu acho difícil, mas a gente veta. Eu acho que se o parlamento derrubar o veto, daí é outra história. Mas a gente faz o que for possível para defender a família e a vida desde o seu princípio”, disse.

Bolsonaro lamenta que MP das carteirinhas vai caducar

O presidente lamentou que a Medida Provisória que criou a carteira de estudante digital, provavelmente, vai caducar no domingo 16. Ele assinou a MP em setembro de 2019 e disse, em cerimônia, que a nova carteira combateria a “promoção do socialismo”.

O formato em que a iniciativa foi aprovada só tem validade de alguns meses. Para adquirir validade definitiva, a criação das carteiras digitais precisavam passar por aprovação no Congresso Nacional em um prazo determinado. Como o parlamento não votou dentro do prazo, a medida vai caducar e as carteiras voltam a ser emitidas unicamente pelas entidades estudantis, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a partir da cobrança de um valor em dinheiro.

A emissão de carteiras é uma das principais fontes de renda da UNE e, por isso, recebeu a atenção de Bolsonaro. A entidade defende publicamente pautas que não agradam o governo, como o combate à privatização das instituições do ensino superior e a rejeição ao Future-se, programa elaborado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.

 

Durante a transmissão ao vivo, Bolsonaro disse que criou a MP para facilitar a vida do estudante, e não para perseguir a UNE.

“Pelo que tudo indica, a nossa Medida Provisória que permitia que você, estudante, tirasse sua carteirinha de estudante pela internet, vai caducar. Então, você vai voltar a pagar, em média, 35 reais pela sua carteirinha. Então, a UNE está vibrando. A nossa intenção não é perseguir a UNE, é facilitar a vida do estudante”, afirmou.

Em seguida, sugeriu que o PCdoB tenha agido para evitar a votação no Congresso. O partido tem influência na entidade porque boa parte de militantes da juventude da legenda foram eleitos para cadeiras na diretoria, como o próprio presidente da instituição, Iago Montalvão.

“Lamentavelmente, o PCdoB e a UNE, eu não sei que força que eles têm no parlamento, mas conseguiram fazer com que a Medida Provisória não fosse votada”, afirmou o presidente.

Posted by Jair Messias Bolsonaro on Thursday, February 13, 2020

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