Política

Aliados de Doria e Alckmin ‘seguram’ CPI sobre possível corrupção do PSDB em SP

Requerimento de instalação mira a atuação de Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, durante governos tucanos

João Doria e Geraldo Alckmin. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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Aliados do ex-governador paulista Geraldo Alckmin e do atual governador, João Doria, ambos do PSDB, manobram para evitar a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito que investigaria possíveis atos de corrupção em gestões tucanas. Trata-se da CPI da Dersa, estatal paulista de rodovias, cujo requerimento foi apresentado à Assembleia Legislativa de São Paulo em março de 2019.

O pedido de instalação da CPI partiu da deputada Beth Sahão, do PT. No texto, ela menciona o histórico de Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-diretor da Dersa. O objetivo do colegiado seria “investigar improbidades e ilegalidades praticadas por agentes públicos e políticos que, por ação ou omissão, deram causa a fraude nas licitações e contratos do governo do Estado, desviando recursos públicos, utilizando-se de empresas de fachada para lavagem de recursos de empreiteiras nessas obras viárias, por meio da atuação do Sr. Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa, no período de 2007 a 2019”.

No entanto, como informou o jornal Folha de S.Paulo, a atuação do deputado Campos Machado, pró-Alckmin, e do presidente da Alesp, Carlão Pignatari, tucano aliado de Doria, inviabilizou até agora a instalação da CPI. Machado, do Avante, apresentou em 3 de agosto uma questão de ordem ignorada até hoje por Pignatari.

Ao tentar obstruir a CPI, que foi criada mas não instalada, o deputado alckmista disse que os argumentos apresentados “não nos mostram, indubitavelmente, nenhum fato concreto, preciso ou estabelecido”. Segundo o regimento da Alesp, o presidente da Casa tem até 60 dias para responder à questão de ordem.

Paulo Preto já foi alvo de cinco denúncias da então força-tarefa paulista da Lava Jato. A mais recente delas, oferecida em setembro de 2020, o acusa de lavagem de dinheiro proveniente de propina. A Dersa, diz a denúncia, recebeu recursos ilícitos para favorecer empreiteiras em obras executadas nas gestões dos ex-governadores tucanos José Serra e Geraldo Alckmin.

“Na nova acusação, a força-tarefa de São Paulo concentrou-se na ocultação dos recursos ilícitos pagos pela Galvão Engenharia para fazer parte do cartel de construtoras que definiu a divisão e o superfaturamento das obras”, diz  nota divulgada na ocasião pelo Ministério Público. “Além de se valer de contribuições de colaboradores, o MPF analisou grande quantidade de documentos bancários remetidos pela Suíça, traçando o complexo caminho das movimentações financeiras feitas pelos investigados para ocultar e dissimular a origem e a natureza ilícita dos valores”.

Diz o inciso 5º do artigo 34 do Regimento Interno da Alesp que “não será criada Comissão Parlamentar de Inquérito enquanto estiverem funcionando pelo menos 5, salvo mediante projeto de resolução com o mesmo quórum de apresentação previsto no caput deste artigo e deliberação da maioria absoluta dos membros da Assembleia”.

Há três comissões em funcionamento, instaladas em agosto, que tratam sobre licenciamento de cavas subaquáticas, violência contra a mulher e benefícios fiscais concedidos pelo governo na última década.

Leia a íntegra do requerimento de instalação da CPI da Dersa:

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