Justiça

A dois meses da eleição de 2018, Toffoli prometeu a Villas Bôas que Lula não sairia da cadeia, diz revista

Encontro teria acontecido no gabinete do general, segundo a piauí; ministro ainda teria garantido que não haveria mudança na Lei da Anistia

Dias Toffoli e Eduardo Villas Bôas. Fotos: Nelson Jr./STF e Arquivo/Agência Brasil
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Em agosto de 2018, dois meses antes da eleição que conduziria Jair Bolsonaro à Presidência da República, o então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, teria recebido o ministro Dias Toffoli, que assumiria a presidência do Supremo Tribunal Federal no mês seguinte.

Segundo a revista piauí, na conversa, que oficialmente serviria para que o militar indicasse um nome para compor a assessoria do magistrado, entrou em pauta, no entanto, a manutenção da prisão do ex-presidente Lula, apontado pelas pesquisas como favorito para o pleito presidencial daquele ano.

De acordo com o veículo, o general confidenciou a um interlocutor que Toffoli lhe prometeu que não haveria qualquer mudança na Lei da Anistia e que Lula não obteria nenhum benefício até a disputa nas urnas.

“Nos afirmou que até a eleição ele não ia pautar nada que alterasse a situação do presidente Lula, tanto do ponto de vista de punição de segunda instância, quanto da questão da Lei da Ficha Limpa eleitoral”, teria dito Villas Bôas ao interlocutor, de acordo com relato colhido pela revista.

Por meio de sua assessoria de imprensa, Dias Toffoli disse à piauí: “Nunca tratei de pauta com ele, nem ele comigo”.

Lula x Villas Bôas

Na última quarta-feira 10, o ex-presidente Lula comentou a pressão feita pelo general Eduardo Villas Bôas para que o Supremo Tribunal Federal rejeitasse um habeas corpus impetrado pela defesa do petista em abril de 2018.

“Eu me preocupo com a carta do Villas Bôas. E não é correto que um comandante das Forças Armadas faça o que ele fez. Acho que, se fosse eu fosse presidente da República e ele tivesse aquele comportamento, seria exonerado na mesma hora. Não está lá para dar palpite na política e decidir quem vai ser presidente ou não”, disse Lula em entrevista coletiva no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista.

Em fevereiro deste ano, veio à tona a informação de que Villas Bôas articulou com o Alto-Comando do Exército, em 2018, um tweet para pressionar o Supremo. Dias depois da revelação, o ministro Edson Fachin disse que é “intolerável e inaceitável qualquer tipo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário”.

Nesta quarta, Lula ainda afirmou que, em oito anos na Presidência, nunca teve problema com os militares. “O Exército sabe que não teve um presidente que investiu como eu investi. A Marinha e a Aeronáutica também”.

Por fim, o petista declarou que não quer as Forças Armadas “para ficar se metendo na saúde, mas para cuidar da soberania do País”.

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