Opinião

Uma análise sobre o papelão anunciado do governo Bolsonaro na COP 25

Queremos o quê? A comunidade internacional pondo dinheiro em quem não sabe cuidar de seu rico patrimônio ambiental?

Foto: Marcos Correa/PR
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Que o Regente Insano Primeiro era campeão em besteirol, quisessem, todos poderiam saber. Bastavam apenas três neurônios: um que notasse sua inatividade em 28 anos de política; o segundo, que se espantasse com a deformação de caráter violento, racista, machista e homofóbico; e um terceiro, que lembrasse pretendentes a governar não criarem “facatoides” para fugirem de debates.

Também bastaria meia de uma dessas células nervosas para indicar que os herdeiros do trono não sairiam diferentes do regem patrem.

Mas, como aqui se diz, tudo o que é ruim pode piorar, e a clã Bolsonaro foi buscar quem? Olavo Luiz Pimentel de Carvalho, segundo a Wikipedia, pois dele nunca quis saber tal seu ostracismo, “ensaísta, influenciador digital, ideólogo, jornalista, astrólogo, e autoproclamado filósofo”.

Em época de Pretas Sextas-Feiras e Festas Natalinas, ofereço grátis um exemplar do livro Dominó de Botequim a quem sintetizar a função social de tais qualificações.

E o sintético pensador foi no ponto: para fazer do capitão e seus herdeiros mais qualificados, levar ao extremo o baixo nível da equipe a eles subordinada. Definam-me Damares, Pontes Primeiro no Espaço Sideral, Weintraub Maconha nas Federais, o da Funarte Rock Satânico, augustos e helenos generais.

Como caridade, só peço que não analisem Salles e Araújo, Meio Ambiente e Relações Exteriores, respectivamente. Estes são meus! Ninguém tasca.

Até 13 de dezembro, quase 200 países estarão reunidos em Madri, Espanha (seria no Brasil, mas Jair não quis), para a COP 25, Conferência das Partes da ONU. Procurarão metas mais efetivas para controlar o aquecimento global provocado pelo ser humano. “Hora da ação” é o slogan da atual edição. “Estudos científicos mostram que as emissões de gases causadores do efeito estufa continuam subindo – e não caindo, como deveria ser.”

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

São ambiciosas as metas que serão propostas na Conferência, mas não tanto quanto as enunciadas pela dobradinha Salles e Araújo – sempre que escrevo o termo lembro de equinos correndo em pistas de areia ou grama.

Pedirão ajuda em dinheiro aos demais países para que o Brasil cumpra aquilo que mente que faz ou fará. Vendem suas ineficiência e inércia.

Dois imbecis, pois. Depois do exponencial aumento do desmatamento e dos incêndios na Amazônia, vazamentos de óleo no Nordeste, tragédias em Brumadinho e outras barragens, liberação da mineração em terras indígenas, previsto fim da moratória da soja, e liberação do plantio de cana-de-açúcar no bioma, hoje em dia, mais visado e percebido pelas sociedades que habitam os países desenvolvidos.

Então, queremos o quê? A comunidade internacional pondo dinheiro em quem mal sabe cuidar de seu rico patrimônio ambiental?

Há imbróglios antigos a serem perseguidos na COP 25, pois nunca obtidos nas edições anteriores. A conclusão das regras, na forma de um tratado, que confirme os protocolos do Acordo de Paris, principalmente, sobre o mercado de carbono.

Como contabilizar o volume transacionado e que reflita, de forma justa e exata, o que foi emitido de gases de efeito estufa para a atmosfera, e o realmente subtraído.

O Brasil tem sido um dos principais países a divergir do que deveria ter sido concluído na Polônia. Quer que cada país tenha autonomia para definir seus próprios adicionais.

Se não seguindo um tratado, por todos acordado, e verificado em instâncias independentes, como confiar um no outro?

Com as desastradas atuações e declarações da dobradinha Salles e Araújo, mais os fatos aqui enumerados de ocorrências cometidas contra o meio ambiente, este ano no Brasil, chegamos a Madri com o rabo entre as pernas.

Inté.

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