Opinião

Um olhar sobre a produção orgânica da região serrana do Rio de Janeiro

Bem planejada, a produção orgânica é efetiva e pode trazer custos e preços finais melhores em toda a cadeia

Estufa do Sítio do Moinho (Foto: Divulgação)
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Depois de três dias participando do EsalqShow, em Piracicaba/SP, como aqui narrado na semana passada, a caravana seguiu para a região serrana do Rio de Janeiro, entre as Serras do Mar e da Mantiqueira.

A paisagem é magnífica. Tive impressão boa do estado de conservação ambiental, não só nos parques, embora construções permitidas inibam um pouco essa visão, mas em toda a região.

Ficamos sediados em Petrópolis e, de lá, saíamos para municípios próximos, Teresópolis, Resende, Penedo, e distritos, como Itaipava.

O interesse era pelos inúmeros projetos de produção orgânica na região. Ajudam o clima, a altitude, e os manejos planejados. Dificulta a disponibilidade de mão-de-obra, pela concorrência com o setor de turismo. Daí grande parte da produção orgânica vir da agricultura familiar.

Entre os grandes empreendimentos, baseado em planejamento de plena extensão, visitamos o Sítio do Moinho que, em 2018, ganhou prêmio de “mais sustentável do Brasil”. Pela quinta vez, por sinal.

A área de 52 hectares foi comprada em 1989, pelo casal Dick e Ângela Thompson, que junto ao consultor Fábio Ramos e o agrônomo Eduardo, gestores do projeto, nos acompanharam explicando-nos seus programas nutricionais, manejos, aquisição de produção externa, e formas de comercialização.

Destes 52 hectares, oito são dedicados para produção em céu aberto ou em estufas. A área restante é de mata preservada. Há um rodízio constante de culturas, entre hortaliças, legumes, frutas e grãos. Os pães, fabricados em padaria própria e distribuídos em lojas do Rio de Janeiro têm alta demanda, devido às suas propriedades nutritivas e leveza de sua massa.

De 1997 a 2005, optou por entregar seus produtos em supermercados. Não foi um sucesso, e passou a suprir clientes diretos, restaurantes, lojas. Foi quando o sucesso chegou, impulsionado por maiores divulgação e demanda.

Importa produtos orgânicos diferenciados para atender ao consumo de clientes de maior poder aquisitivo.

Produtos da Orgânicos In Box (Foto: Divulgação)

Acompanharam CartaCapital na visita os jovens Filipe e Aline, sócios da Orgânicos in Box, que empreendem, através de ferramentas digitais, a entrega de cestas de produtos orgânicos, no Rio de Janeiro.

Diferente do Sítio do Moinho, a empresa não tem produção própria. Serve-se de produtores orgânicos certificados do Rio e de São Paulo, armazenam em câmaras frias, e distribuem pelos lares cariocas.

Enquanto empresa com perfil de startup, parece acertar o rumo para evolução irreversível.

Seu problema está mais na ponta da oferta do que da procura. Os produtores, mais no Rio do que em São Paulo, justificam baixas produção e produtividade, o que levariam aos produtos orgânicos custos e preços de vendas mais caros.

Não é verdade. Isto é uma falácia “improvisada em três pés”. Propaganda dos fabricantes de agroquímicos e tóxicos, comodismo, tradição e ignorância dos agricultores convencionais, e inadequação dos tratamentos e manejos praticados pelos produtores de orgânicos.

Parte desse estigma vem da profusão de certificadoras surgidas na década de 1990 e seus regulamentos xiitas, contrários ao que já acontecias nos EUA e Europa.

Hoje em dia, há tolerância muito maior, e meus 12 anos de andanças pelas sendas orgânicas e minerais, mostraram que, bem planejada, dirigida à comida que chega em nossas mesas, a produção orgânica é efetiva, e pode trazer custos e preços finais melhores em toda a cadeia.

No tempo certo, pretendemos visitar a Universidade Rural Federal, em Seropédica, RJ.

Inté.

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