Opinião

Sem qualquer princípio ético ou moral, Bolsonaro nos levará ao abismo

Há um quase consenso de que estamos, desde o golpe de 2016, sob um estado de exceção

Posse de Jair Bolsonaro
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“É um sinal de degradação nacional quando crianças pequenas são retiradas das escolas e são empregadas para ganhar salários. Nenhuma ação merecedora do nome pode se dar ao luxo de usar tão mal suas crianças. Pelo menos até os 16 anos elas devem ser mantidas na escola.”

Mahatma Ghandi

O presidente ilegítimo da República defendeu, recentemente, o trabalho infantil. Cabe perguntar como pode alguém que se aposentou aos 33 anos e cujos filhos jamais trabalharam, de verdade, ser tão hipócrita?

Ao mesmo tempo, nomeia o filho embaixador em Washington, sem a mínima qualificação, com salário superior a 50 mil reais mensais, morando em palacete, com carros, motoristas, cozinheiros e demais empregados custeados pelo erário público.

O absurdo toma maior magnitude quando se leva em conta que o desemprego bate recordes no País – 13 milhões de desempregados, 12% da força de trabalho – resultado da desastrada política econômica, que praticamente inviabiliza qualquer crescimento neste ano.

Com efeito, constatamos todos os dias que esse senhor não tem qualquer princípio ético ou moral e nos levará celeremente ao abismo, ao inferno, literalmente.

O desmatamento da Amazônia teria crescido 258% com relação ao ano passado.

A destruição da Amazônia é tema de capa e reportagem principal da prestigiosa revista The Economist.

Por sua vez, artigo da revista Foreign Policy, que faz referência à matéria da Economist, alude à possibilidade, cada vez mais no horizonte do Norte, de invasão da Amazônia, sob o pretexto de conter o desastre ambiental e invocando o princípio humanitário da “responsabilidade de proteger”, para a legitimação da ocupação.

Cumpre observar que todas as desastrosas intervenções do Norte começaram com esses balões de ensaio, supostamente independentes: artigos, reflexões etc.

Do lado dos, teoricamente, responsáveis pela defesa do País – os ministérios das Relações Exteriores e da Defesa – silêncio sepucral e, lembrando o adágio popular, quem cala consente.

Talvez, justamente essa consciência de evidente abandono possa ser o amálgama da união das pessoas que ainda preservaram alguma lucidez, em meio a um mar de zumbis, que defendem trabalho infantil e escravo, redução da maioridade penal, tortura, desmatamento, armamentismo, reconcentração de renda e riqueza etc.

O Papa Francisco, o principal líder internacional, disse, em 6 de agosto, que “a Amazônia sofre com mentalidade cega e destruidora que favorece o lucro”.

Em consonância com o “ver, julgar e agir” da Encíclica Mater et Magistra, de São João XXIII, Francisco aduziu que o “homem não pode permanecer um espectador indiferente diante dessa destruição, nem a Igreja deve ficar em silêncio”. Sabiamente, agregou: “Por favor, não esqueçam que justiça social e ecologia estão profundamente interligadas”.

Alguma esperança, porém, parece despontar. A recente e frustrada tentativa de assassinato de Lula por parte da Lava Jato vai nesse sentido. Não foi um 7×1 que o Supremo Tribunal Federal impôs aos assassinos culposos, foi 10×1. A unanimidade só não foi atingida porque um dos juízes discordou da forma, não do conteúdo.

Há um quase consenso (excetuados os supracitados zumbis) de que estamos, desde o golpe de 2016, sob um estado de exceção. O recente pedido do ministério da Educação para que a “força nacional” possa agir contra estudantes, em violação ao legítimo direito de protestar – constitucionalmente garantido – não poderia deixar o arbítrio mais evidente.

No entanto, os golpistas demonstram ter boa estratégia, mas péssima tática. Provavelmente, isso se deve ao fato de que a estratégia é oriunda de fora (Trump, capital financeiro, petroleiras, fundações de extrema-direita, outros governos conservadores do Norte etc). Isso dificulta o constante tomar o pulso da situação – apesar do acesso privilegiadíssimo que têm aos “big data” – uma vez que enfrentam as limitações culturais naturais que os separam de nós.

Portanto, cabe à frente democrática caprichar na tática, ser rápida, inovadora e surpreender o fascismo. Como imagem, tomemos a sabedoria do nosso maior arquiteto, Oscar Niemeyer: “A arquitetura deve surpreender”. Surpreendamos o fascismo!

À unidade, democratas! Unidade nacional e internacional! Redes em profusão para combater o monopólio da mídia. Homeopatia em ação: combatamos o mal com os mesmos princípios. À rede monopolista dos meios de informação de massa – nas mãos da oligarquia nacional e internacional – vamos interpor a CartaCapital, o Intercept, a Al Jazeera, a RT etc.

Sejamos humildes! Busquemos aprender com todos que já passaram por ocupações e que ainda enfrentam a sanha do imperialismo!

Ao isolacionismo que nos impõem as oligarquias, busquemos informações do mundo, dos países vizinhos e não vizinhos.

Não somos o vira-latas, somos a galinha dos ovos de ouro: pré-sal; a maior quantidade de água doce do mundo; a maior biodiversidade do planeta, entre outras imensas riquezas naturais, mas sobretudo humanas.

Entretanto, o isolamento que nos impõem nos torna uma galinha de ovos de ouro, mas caipira, desinformada, insegura, extremamente vulnerável.

Degredemos não os facistas – como querem fazer conosco – mas o fascismo!

De passagem, extirpemos o vitorianismo – religioso ou não – herdado de Portugal e Inglaterra; valorizemos ao contrário o que de bom nos deram e podem dar: a “geringonça” (a frente de esquerda no governo), no caso de Portugal; a música maravilhosa, no caso do Reino Unido.

À ignorância, o conhecimento servirá de antídoto; à intolerância, a aceitação, o amor; à rigidez, o jogo de cintura, a capoeira – como símbolo e prática – de que somos criadores. Não vai ter fascismo para mais ninguém, em nenhuma parte!

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