Opinião

Por que comemos menos e mais caro se tanto produzimos?

Como um país com recursos fartos, por mais que maltratados, mantém a chave desse tesouro nas mãos de um bucaneiro como Ricardo Salles?

(Foto: Pedro Ventura/ Agência Brasília)
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Simples: a economia já vinha andando a passos de tartaruga, chega o coronavírus, como pandemia, desde o início negada e negligenciada pelo governo federal, e faz desequilibrar oferta e demanda em vários setores da indústria e do comércio, até bater na agropecuária, início da cadeia alimentar.

O prolongado período da Covid-19, com idas e vindas nas fases de isolamento social e descuidos sanitários da população, ao mesmo tempo em que afetou a mobilidade fez também mudarem os hábitos alimentares de boa parte da população.

Estávamos preparados para isso? Claro que não. Há, pelo menos, seis anos operávamos um ajuste fiscal caolho de mal-entendidos traços neoliberais. 

Em horas assim, o remédio é único:

Pílulas e Cápsulas de Complexos Vitamínicos (a marca, como o sal, deixo a gosto) 

Estivéssemos fortificados, planejado os possíveis pontos fracos de nosso organismo, ditos estratégicos, contaríamos com estoques reguladores que iriam a leilões, e aliviariam a pressão sobre os preços dos alimentos.

Ainda mais em cenário mais do que anunciado da alta das cotações de commodities nas bolsas internacionais e o dólar valorizado em relação ao real.

Qual a prioridade que a inciativa privada produtora de commodities daria? Exportações, né?

Queriam o quê? Produtores agropecuários, do ruralista latifundiário ao caboclo da agricultura familiar, segurando a inflação em nome de um governo que a todos só prometeu benefícios? 

Até deu. Aqueles que os grandes proprietários rurais sempre tiveram. De onde tiraram? Ora, como sempre, de quem menos tem. Os que viveram para ver o Brasil sair do mapa da fome mundial, e para onde se atira agora metade da população com insegurança alimentar.

Folhosas, verduras várias, abobrinhas, cenouras, pimentões, tomates, cebolas, tubérculos, para nós, consumidores, em feiras livres e supermercados, estão pela hora da morte. Para plantadores, caboclos, caipiras, campesinos, sertanejos, tabaréus, decisivo para a desistência de voltar ao plantio, embora isso, para eles também possa ser a hora da morte.

Difícil equação. O que esperam as duas pontas? O mito e seu Posto Ipiranga? Sentados fiquem, então. Pelo exemplo da gestão da pandemia, pelo imbróglio com a vacinação, logo seremos 400 mil pessoas com “CPF cancelado”. Aceitação de genocídio que nem mesmo o “Esquadrão da Morte”, organização paramilitar, surgida nos anos 1960, ousou expressar.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, posa para foto com apresentador de TV Sikêra Jr. Foto: Alan Santos/PR

Este o Brasil em que estamos. Aconteceu. Nascemos com a genética do extermínio de minorias étnicas e sociais. E a ela retornamos com o Regente Insano Primeiro (RIP), clã, acólitos e apoiadores. Em todos os grupos a intolerância ao humanismo e o favorecimento ao morticínio.

Como um país com recursos naturais fartos, por mais que maltratados, ainda os têm soberbos e cobiçados, mantém a chave desse tesouro nas mãos de um bucaneiro, como Ricardo Salles? A história da raposa tomando conta do galinheiro já não é bastante conhecida? Fracotes, deixaremos por isso mesmo?

O ministro meia-boca e nenhum meio ambiente sabe que o mercado da biodiversidade da Amazônia tem potencial de US$ 200 bilhões e dele retira apenas 0,2%?

Volto ao assunto no meu blog do GGN.

Inté! 

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