Opinião

O tratamento que o Brasil dá ao meio ambiente é corrupto

‘A obrigação de cuidar dos biomas, abundantes e ricos patrimônios em território nacional, é do País, Estado, governos e sociedade’

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante cerimônia de sanção do projeto de lei (PL 1.095/2019) que aumenta pena para crimes de maus-tratos a animais. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Uma série de episódios, desde o começo deste século, levou os brasileiros pensarem a corrupção no País travestida em propinas, contas em paraísos fiscais, massivas remessas de dólares para bancos nos EUA e Europa, malas repletas de dinheiro ao léu, notas de 100 reais na cueca. Cheek-to-cheek de políticos e empresários, nada mais. Não se reduz a isto.

Permitam-me, leitoras e leitores, duas galhofas. Primeira: no caso das notas, não teria sido conveniente esperar o lançamento delas em 200,00 reais (lembram-se do geriátrico chiste, “o que pesa mais um quilo de ferro ou um quilo de algodão?” Segunda: fossem patacas de ouro, onde as enfiariam? Bem sei, pois ganância leva a qualquer dor.

Voltemos à sisudez do Regente Insano Primeiro, clã, acólitos e apoiadores de cercadinho que temem a volta do comunismo. Aliás, tem um drone em Marte, o planeta vermelho. Deve ter comunistas aos montes. A NASA poderia trazer alguns para vermos como são.

Não posso afirmar que há corrupção clássica no governo federal ou, em especial, no ministério do Meio Ambiente. A mão no fogo também não ponho.

Mas, afinal, nos últimos dias, informados da explosão do desmatamento na Amazônia, a proteção dada a madeireiros ilegais (caminho para permissão da exploração de minérios em áreas indígenas), garimpo protegido, devastação em outros biomas, como não pensar em corrupção?

Sabem qual? Aquela contra a vida. A instalada e a futura. Em relação a elas, o ministro Ricardo “Passa a Boiada” Salles, é sim corrupto, e faz de nós piada mundial, ao dizer que na COP-25, em Madrid, irá cobrar 100 bilhões de dólares por ano dos países ricos para que possamos proteger a floresta.

O tenista de clube da elite paulistana pensa ser fácil lidar com a hegemonia econômica e bélica. Como fosse chegar e oferecer a “flanelinhas”, que irão tomar conta de seu SUV gorjeta de uma nota de “deiz real”.

A obrigação de cuidar dos biomas, abundantes e ricos patrimônios em território nacional, ganhando dinheiro honesto dinheiro com eles, é do País, Estado, governos e sociedade. Esmoleres não precisamos ser.

Falar, como fazem os atuais desgovernados, de que os países ricos, depois de destruíram suas florestas, vêm nos cobrar responsabilidade alheia, é bobagem, além de mentira.

Já viajei muito. Aqui, lá e acolá. Temos recursos ambientais sobremaneira superiores. São de nossa responsabilidade, pois “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. Acolá, no entanto, a destruição não é tão dramática. Se a destruíram, com o que não concordo, foi para se industrializar. E nós, apenas exportadores de bens primários.

Não é como a superfície de Marte, até onde revelada. Argumento imbecil, esse. De corruptos, ignorantes ou malandros Coca-Cola.

Ricky (gostou, né?), qual contrapartida acha que os países ricos irão pedir? Três séculos de exploração grátis? A pergunta veio do Zorro, do índio Tonto, e de seus cavalos, Tornado e Scout. (Johnston McCulley, criação de 1919).

Pois bem, Ricky, óculos aros vermelhos (os 01, 02, 03, 04, perceberam?). Conto: “Se o doutor não tá lembrado, dá licença de contar” (Adoniram Barbosa, 1910-1982).

As florestas estocam carbono, regulam o clima, levam umidade para outras regiões e a água que vira potável e acaba servindo à agricultura; responsáveis por grande parte da biodiversidade do planeta, na Amazônia, apesar dos poucos recursos para investimento em ciência e pesquisa foram documentadas mais de 600 novas espécies; o seu desmatamento faz perder benefícios na mesma proporção.

Serviu, doutor Ricardo? Não. Entendi, é pouco. Para quem lembra, indico criação de O Pasquim, personagem a Anta de Tênis.

“A floresta é uma grande biblioteca de medicamentos naturais”. Isto, o senhor quer vender, como em Alexandria (Antigo Egito, século III AC)? Creio não? Muita sofisticação pra pouco tino.

“A floresta em pé oferece oportunidades de envolvimento de comunidades locais, que podem desenvolver atividades econômicas de baixo impacto ao passo que conservam as florestas”.

Embora inútil, cito. Sei que para tais comunidades duas notas de “deiz real”, bastam para seu conceito social raso.

Renuncie ou seja exonerado, processado, queimado entre bruxas, já! Infame! Está acobertado pelo Cão.

Inté!

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