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O crime da indiferença

A violência só existiu porque houve quem visse e nada dissesse. Por detrás de quem atuou estiveram os outros, os que lá atrás assistiram a tudo sem nada dizer

Foto: EVARISTO SA / AFP
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A violência ilegítima não é política, é o fracasso da política. Se a política se baseia, como diz Hannah Arendt, na pluralidade humana, então a política serve justamente para arbitrar essa pluralidade e construir soluções coletivas legítimas para os problemas que dizem respeito à vida coletiva, ou ao vivre ensemble, como a literatura política francesa gosta de dizer. Não, a violência não é a política por outros meios. Ela representa apenas a negação da política. Nesse sentido, o assassinato de Marcelo Arruda, dirigente do PT, por um ativista político bolsonarista foi um ato contra a política. Aqueles tiros foram tiros na política – tiros em cheio na política brasileira.

Depois da tragédia, nova tragédia, desta vez com a justificação da “polarização” política. Absolutamente revoltante. Na verdade, o que essa gente quer dizer é que não há inocentes nesta história e que ambos os lados têm culpa. Como se não houvesse vítima e agressor. Como se não houvesse um morto. Como se não houvesse crime.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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