Opinião

No Brasil governado por Jair Bolsonaro, é só ferro no agronegócio

A contrapressão se origina justamente do fulcro de combate ruralista, a preservação do meio ambiente

A ministra Tereza Cristina (Foto: Antonio Araujo/Mapa)
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Entre 2005 e 2012, colaborei com o Montbläat, semanário eletrônico ou samizdat, como o excepcional e saudoso jornalista Fritz Utzeri seu editor, preferia. A publicação carregava um slogan em sueco, que traduzido: Se você entender o Brasil, me explica.

Caro amigo na bondade, você só pode estar em local sagrado, onde todos se respeitam, mas se não conseguia entender o Brasil naquela época, nada me pergunte sobre o de hoje, no governo do Capitão Insano Primeiro.

Tomo, pois, para amenizar as dúvidas do (fra)eterno amigo, de Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, também conhecido pelo falso título de nobreza de Barão de Itararé (1895-1971), pioneiro no humorismo político brasileiro.

Duas de suas máximas:

“O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro.”

“De onde menos se espera, daí é que não sai nada.”

 

Das tantas frases geniais do jornalista e escritor, muitas explicariam o Brasil governado por Jair Bolsonaro, filhos, e uma equipe escolhida à dedo para bravatas, evidente despreparo e, contrariando o Barão, de onde saem estúpidas decisões, voltadas à destruição de importantes setores e instituições da sociedade brasileira.

Antes saísse nada, pois pouco se esperava.

Exemplo curioso disso é o agronegócio. Os grandes proprietários de terra, produtivas ou não, e suas entidades associativas patronais, saíram em manada bravia a coonestar, apoiar e financiar a campanha bolsonarista, várias de suas reivindicações prometidas.

As “arminhas” que pediam já as tinham aos montes. Fazendas com verdadeiros arsenais. Licença para matar invasores e invadidos, também. A Justiça, incluídas as polícias, na maior parte dos crimes, decide pelo lado mais forte.

O tsunami de renovações dos antigos e registros de novas moléculas de agrotóxicos é desvario de momento de uma senhora, que veio da Frente Parlamentar da Agropecuária, comprometida e com cartas na manga para fazer marcação alta, como se diz no futebol, logo no começo do jogo. Cedo perderá o fôlego. Até porque a pesquisa e o desenvolvimento de novos insumos exigem altos investimentos e a situação atual da cadeia dos agronegócios não está muito confortável.

O curioso nessa história é que a contrapressão se origina justamente do fulcro de combate ruralista, a preservação do meio ambiente. Burros, antes do tempo, saíram ensandecidos ativando motosserras, acelerando tratores ligados por correntões, e desmataram pra valer na Amazônia (caso mais evidente).

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), usando o sistema DETER, tomando-se períodos agosto/julho, teria havido um aumento de quase 50% no desmatamento, entre 2017/18 e 2018/19. No segundo período, foram desmatados 6.834 km² de floresta.

Por óbvio, a comunidade mundial se ouriçou, a isso acrescentando as declarações de nossos ministros do Meio Ambiente e Relações Exteriores, e as patacoadas e gafes de Jair Bolsonaro.

Números divulgados, o que faz o Capitão? Vai lá e demite o diretor do instituto, Ricardo Galvão.

Deveria manter segredo para não prejudicar o agronegócio? Então, tá! Tudo bobinho o povo lá.

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