Opinião

E os causos vão rolando em sete meses de insanidade com Jair Bolsonaro

Ele é coerente. Faz tudo o que confessou ser durante vida e campanhas eleitorais. Qual a surpresa?

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Na semana passada, expus minhas visões passadas e esperanças de um Brasil que me fazia acreditar, a partir deste século, o país tomar rumo para ser uma das cinco principais nações do planeta. Hoje em dia, vejo, nos tornamos uma das mais infaustas delas.

No texto, fui ao Geral, como a grandiosa Serra. Aqui, volto às demais, também expressivas, que ainda permitem, em todo o Território, que se pratique pecuária de corte e leite para bovinos, ovinos, suínos e tantas criações animais para alimentação humana. Também e sobretudo, que se plante vegetais, agora que fomos informados pelo Insano Primeiro que preservação ambiental serve apenas aos adeptos do modo vegano de alimentação.

Ô montanhas cafeeiras de Minas Gerais e do Espírito Santo, ô produções orgânicas fluminenses e paulistas, ô parreirais da serra gaúcha, ô frutíferas irrigadas ao longo do rio São Francisco, ô leguminosas dos altos semiáridos, tantos mais, sinto vocês muito quietas.

Do que se trata? Algo não vai bem? Alguma decepção? Incertezas do futuro? Aposta errada?

Uai! Mas, então, de que serviram dois anos de colunas alertando que o que viria seria para o mal? Esperavam o quê? Dúvidas sobre a vitória da ignorância, da linguagem de um falastrão, usada em 30 anos sem qualquer ação produtiva ou benéfica, senão nepotismo em empregos a familiares e amigos?

Nem mesmo tenho certeza de que parte de vocês nunca o reconhecerão, iguais que são. Alguém disse: “difícil bola mais cantada”. Ele é coerente. Faz tudo o que confessou ser durante vida e campanhas eleitorais. Qual a surpresa?

Os desempenhos da economia, a execração dos direitos sociais, as perdas de soberania nas relações internacionais, já me servem como respostas.

Ser vivente em várias locomoções pelo país, me pergunto o motivo de em casas de repasto, hotéis, saguões de aeroportos, motoristas de táxis ou aplicativos, ouço crescerem as discussões sobre o Brasileirão e não mais as acirradas batalhas paneleiras?

Por que tão calados? Esperavam mais de um novo governo, mesmo derrotando o anterior que nos fez crescer e a população viver melhor. Ricos? Mais ricos. Remediados? Menos remediados. Pobres? Bem, fora dos tradicionais bolsões norte-nordestinos, mais protegidos, os demais nada poderiam mesmo entender, informados que foram pelos cânones do acordo secular de dominação.

E os causos vão rolando em sete meses de insanidade:

Bolsonaro e Trump na Casa Branca (Foto: AFP)

1- Jair se alia a Trump: bobo, repito, somos concorrentes. Hoje a política econômica de Trump, falaciosamente, finge regredir ao keynesianismo por reforma fiscal corporativa. Estímulo de curto prazo, eleitoreiro, baseado nos efeitos sobre o emprego pelos obstáculos perversos às entradas de imigrantes;

2- Thomas Piketty: a única bala neoliberal, é a Reforma da Previdência. “Se o objetivo for mesmo combater privilégios e reduzir desigualdades, a proposta deveria explicar em detalhe as projeções atuariais e demográficas que justificam atrasar e até inviabilizar a aposentadoria de milhões de brasileiros pobres”;

3- Custos e produtividade: Por que os custos dos adubos estão pela hora da morte? Seriam só os fretes, os sacrificados caminhoneiros? Pensem nas tecnologias cartelizadas que usam. Experimentem complementar agroquímicos com materiais orgânicos e minerais extraídos de recursos naturais já existentes na terra;

4- MP 881: Os grandes proprietários poderão fazê-los trabalharem sábados e domingos. Se o quiserem, somente o façam mediante as antigas leis trabalhistas. É direito universal;

5- Embrapa: Quando demitido em julho, o presidente da empresa, funcionário de carreira Sebastião Barbosa, estava pressionado pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) por questionar medidas da ministra Tereza Cristina a favor dos ruralistas. Além disso, entre seus pontos, há cinco anos, o órgão não recebe investimentos e do orçamento para este ano (R$ 3,6 bilhões), 42% encontram-se contingenciados.

Como disse o sociólogo e pesquisador Emérito do CNPq, José de Souza Martins, em sua coluna no “Valor” (19/07):” O que já está claro é que o projeto da nova ordem é o de transformar os brasileiros num povo barato”. Inté!

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