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Trump: o que pode acontecer com o presidente até 20 de janeiro?

Republicano é ameaçado de impeachment após a invasão do Capitólio por seus apoiadores

O ex-presidente dos EUA Donald Trump. Foto: AFP
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou na sexta-feira 8 o Twitter de conspirar com seus inimigos políticos “para silenciá-lo”. A rede social suspendeu permanentemente a conta de Trump no início da noite, por avaliar que as mensagens do presidente geravam um “risco de incitação a mais violência”.

 

Instantes depois, o republicano utilizou a conta da presidência americana para reagir, declarando que a medida também representa uma tentativa de silenciar os 75 milhões de eleitores que votaram nele. O comentário foi quase automaticamente apagado pela plataforma, mas foi republicado na forma de comunicado oficial, pela assessoria da Casa Branca.

Ameaçado de um processo de impeachment após a invasão do Capitólio por seus apoiadores, na quarta-feira 6, o presidente perde apoio no Senado. A senadora Lisa Murkowski se tornou a primeira republicana a pedir publicamente a renúncia de Trump, afirmando que ele já “causou dano suficiente” à nação. Na Câmara dos Representantes, o deputado Adam Kinziger já tinha se manifestado nesse sentido.

Ser destituído, renunciar, sair dos holofotes ou tentar se reforçar para 2024? Vários cenários emergem nos últimos 11 dias do mandato de Donald Trump, ameaçados após a violenta invasão do Capitólio por seus apoiadores, incitados pelo presidente.

“Você está demitido!”

Democratas, colunistas e até mesmo algumas vozes republicanas querem destituir imediatamente o presidente Donald Trump – a exemplo da frase popularizada por ele na época em que era apresentador de reality show: “Você está demitido!”.

Os opositores pedem ao vice-presidente Mike Pence para ativar a 25ª Emenda à Constituição, que permite que um presidente considerado “inapto” para servir no cargo seja destituído. No entanto, Pence não é favorável da ideia, assim como a maioria dos congressistas e senadores republicanos.

Para agir, Pence também precisaria do apoio da maioria dos membros do gabinete de Trump, o que parece impossível, principalmente depois da saída de dois secretários por conta da violência da última quarta-feira.

Um segundo julgamento político

Se Mike Pence não agir, o Congresso iniciará novos procedimentos de impeachment, conforme anunciaram os líderes democratas. Uma acusação por “incitação à insurgência” poderia ser apresentada no plenário da Câmara de Representantes na segunda-feira, segundo a imprensa americana.

Para destituir Donald Trump, o presidente teria que ser considerado culpado por dois terços do Senado, o que aparenta ser uma batalha difícil antes de Joe Biden tomar posse, em 20 de janeiro.

O fato é que um segundo julgamento de impeachment, após o fracasso do primeiro no início de 2020, deixaria uma marca indelével em seu histórico: nenhum presidente americano sofreu essa desonra.

Renúncia

O Wall Street Journal, do magnata aliado de Trump Rupert Murdoch, pediu ao presidente que “assumisse a responsabilidade pessoal e renunciasse”. “É melhor para todos, incluindo ele mesmo, se ele sair discretamente”, escreveram seus colunistas.

“Quero que ele renuncie. Quero que ele saia. Ele causou muitos danos”, disse a senadora republicana moderada Lisa Murkowski, em uma entrevista ao Anchorage Daily News. “É a coisa certa a fazer, mas não tenho certeza se [Trump] é capaz de fazer a coisa certa”, acrescentou.

Apesar de sua mudança de tom na quinta-feira, o presidente não conectou seus apelos inflamados a seus apoiadores à multidão que mais tarde invadiu o Congresso. Pouco inclinado à autocrítica, seria surpreendente se ele seguisse o conselho de Murkowski.

Férias na Flórida

Aqueles que o mandatário ainda escuta “deveriam dizer ao presidente Trump para sair da cidade: pegue o [avião presidencial] Air Force 1, vá para Mar-a-Lago e fique lá”, palpitou o ex-secretário de Segurança Interna de Barack Obama, Jeh Johnson, à rede NPR, citando a residência do presidente na Flórida.

“Quanto menos o presidente fizer durante os próximos doze dias, melhor será”, concordou o senador republicano Ben Sasse à mesma rádio.

Praticante de golfe, Donald Trump possui muitas propriedades na Flórida, Virgínia, mas também na Escócia, onde passou muito tempo durante sua presidência e para onde poderia voltar. O presidente em fim de mandato também foi privado de sua segunda ocupação favorita desde sexta-feira: tuitar. A plataforma anunciou que suspendeu permanentemente sua conta.

Se fortalecer para 2024

Donald Trump, que antes dos últimos acontecimentos havia mencionado a possibilidade de uma nova candidatura presidencial em 2024, pode não ter desistido. Assim, o republicano pode se ver tentado a usar os últimos dias de seu mandato para solidificar sua base eleitoral.

Apesar das promessas de garantir uma transição “tranquila”, Trump anunciou que não comparecerá à cerimônia de posse de seu sucessor, algo inédito desde 1869. De acordo com relatos da mídia, Trump planeja uma visita à fronteira do sul na próxima semana para exaltar sua firmeza na política de imigração.

Ele também considera dar uma entrevista de fim de mandato, que poderia repercutir seus discursos usuais e teorias da conspiração. Além disso, de acordo com diversos meios de comunicação, Trump questionou seus assessores nas últimas semanas sobre a possibilidade de conceder a si mesmo o indulto presidencial.

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