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Trump é acusado de ‘traição’ sem precedentes em documentos de impeachment

Para os membros da Câmara dos Representantes o povo americano deve ser protegido ‘contra um presidente que provoca violência’

Ao longo das eleições, Trump deu sinais de que não aceitaria uma derrota. Créditos: BRENDAN SMIALOWSKI / AFP
Foto: BRENDAN SMIALOWSKI/AFP
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Os responsáveis pelo processo de impeachment nos Estados Unidos denunciaram a alegada convocação à insurreição por parte de Donald Trump como “uma traição de proporções históricas”, nesta terça-feira 2, enquanto expunham seus argumentos contra o ex-presidente uma semana antes de o Senado começar a ouvir seu caso.

 

Em seu relatório pré-julgamento, membros da Câmara dos Representantes apresentaram seu caso para que o Senado condenasse Trump, enfatizando que o povo americano deve ser protegido “contra um presidente que provoca violência para subverter nossa democracia”.

Os chamados “gerentes de impeachment”, todos democratas, argumentaram no extenso documento de 77 páginas que Trump, falando na frente de uma multidão de apoiadores em Washington em 6 de janeiro, os levou a um “frenesi” pouco antes de marcharem ao edifício do Capitólio.

O golpe subsequente deixou cinco mortos e ameaçou a vida dos legisladores e do então vice-presidente Mike Pence.

“Em uma traição dolorosa ao seu juramento, o presidente Trump incitou uma multidão violenta a atacar o Capitólio dos Estados Unidos durante a Sessão Conjunta, impedindo assim a confirmação do Congresso de Joseph R. Biden Jr. como o vencedor da eleição presidencial”, afirmam os representantes, liderados pelo congressista Jamie Raskin.

“Se provocar um motim insurrecional contra uma sessão conjunta do Congresso depois de perder uma eleição não é um crime imputável, é difícil imaginar o que seria”, afirma o documento.

“O fracasso na condenação encorajaria futuros líderes a tentarem reter o poder por todos os meios – e sugeriria que não há linha que um presidente não possa cruzar”, alegaram, acrescentando que o povo americano deve ser protegido “contra um presidente que provoca violência para subverter nossa democracia”.

Trump foi indiciado pela Câmara dos Representantes em 13 de janeiro pela segunda vez em um processo de impeachment, após ser absolvido de outro em fevereiro de 2020.

Mas o mandato de Trump terminou em 20 de janeiro, antes do início do julgamento no Senado, levando os legisladores republicanos a argumentarem que é inconstitucional o impeachment de um presidente depois que ele deixou o cargo.

É um argumento que se espera que os advogados de Trump apresentem em sua defesa, mas os democratas já rejeitaram categoricamente esse raciocínio.

“Não há ‘exceção de janeiro’ para impeachment ou qualquer outra disposição da Constituição”, escreveram eles em referência à data fixada para o fim do mandato presidencial, acrescentando que um presidente deve responder por sua conduta “desde seu primeiro dia em escritório até o fim”.

O relatório dos legisladores democratas aponta para vários vídeos, que devem ser usados como evidência no julgamento, que eles dizem mostrar Trump incitando a multidão a cometer violência e manifestantes gritando “Enforquem Mike Pence!” e procurando a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi.

Desde a eleição de 3 de novembro, e por muitas semanas depois, Trump alegou que sua reeleição foi roubada dele por meio de fraude maciça. Dezenas de tribunais em vários estados consideraram o argumento infundado.

Mas os administradores do impeachment enfatizaram que a insistência constante de Trump em acusações não comprovadas de uma eleição fraudulenta levou seus partidários a apoiar os esforços para anular a vitória de Biden.

Quando esses esforços falharam, escreveram os democratas, Trump “convocou uma multidão a Washington, os exortou ao frenesi e os apontou como um canhão carregado pela Avenida Pensilvânia” na direção do Capitólio.

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