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Trump diz que “algo acontecerá na Venezuela” com envolvimento dos EUA

Presidente dos Estados Unidos fez declaração em entrevista na TV; governo de Nicolás Maduro rebateu

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em entrevista ao canal Telemundo. Foto: Reprodução
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que “algo vai acontecer na Venezuela” e que o país norte-americano estará envolvido. O chefe da Casa Branca fazia críticas ao governo de Nicolás Maduro durante uma entrevista exibida na sexta-feira 10 na emissora Telemundo, rede de televisão estadounidense.

Em campanha para a reeleição neste ano, Trump havia sido perguntado sobre sua agenda para a Venezuela. O jornalista questionou o presidente americano sobre possível intervenção dos EUA no país sulamericano.

“É liberdade para sua gente, é a liberdade. Venezuela era um país rico há 15 anos e tem sido destruído por duas pessoas, mas um sistema, um sistema horrível, chame-o como quiser, mas é um sistema horrível. E algo vai acontecer com a Venezuela, isso é tudo o que posso dizer, algo vai acontecer com a Venezuela”, disse Trump. Em seguida, foi perguntado se haverá participação dos Estados Unidos. “Estaremos muito envolvidos”, completou.

O presidente americano também foi questionado se continuará apoiando Juan Guaidó, deputado opositor ao chavismo que se autoproclamou presidente interino da Venezuela em 2019. Trump disse que não deixou de apoiá-lo, mas Guaidó parece estar perdendo poder.

“Eu apoio quem for eleito, e neste momento ele parece a pessoa escolhida. Mas o sistema é muito ruim. Ele parece estar perdendo certo poder. Queremos alguém que tenha o apoio das pessoas. Eu apoio a pessoa que tem o apoio do povo. Venezuela tem sido tratada muito, muito mal. Eu tenho sido muito forte com a Venezuela. É uma área que conheço bem, você entende por quê. Conheço essa área muito bem, a pequena Venezuela, como chamam na Flórida. É a melhor gente que tem, pessoas fantásticas. Vamos cuidar do povo da Venezuela”, afirmou.

Maduro rebateu a declaração de Trump, em discurso à nação exibido pela emissora Venezolana de Televisión, no sábado 11. Segundo o presidente da Venezuela, a fala do chefe americano faz parte de uma sequência de “mentiras e asquerosidades” que compõem a sua campanha eleitoral. “O mundo observa e está silencioso diante dessas atitudes imperiais”, afirmou o chefe do Palácio Miraflores, criticando outros países que não protestam contra a política externa intervencionista dos Estados Unidos.

As Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) também rechaçaram a fala de Trump, em nota oficial divulgada no mesmo dia. O Exército chavista afirmou que “a falácia imperial do governo intervencionista dos Estados Unidos reeditou seu roteiro obsoleto e imprudente” e “expõe uma lista de acusações infundadas contra o estado venezuelano e suas instituições”.

Os militares bolivarianos escreveram que Trump coordena uma “gestão imoral” que “desacredita de uma nação soberana e de suas autoridades legítimas, só porque se nega a se subordinar aos seus mesquinhos interesses”.

“Ofende a inteligência humana esse tipo de artifício, usado não somente para cumprir uma missão hegemônica, mas também para distrair a atenção da opinião pública internacional, diante da irrefutável incapacidade em atender problemas locais e, particularmente, a crise da covid-19 e o desfavorável panorama eleitoral”, afirmaram as Forças Armadas da Venezuela.

A declaração de Trump ocorre pouco tempo depois que a Venezuela sofreu tentativa de invasão por mercenários coordenados pela empresa americana Silvercorp USA, em maio deste ano. Entre eles, estavam ex-militares dos Estados Unidos, envolvidos em um plano que previa sequestrar Maduro. A estratégia era de conhecimento de um assessor de Juan Guaidó. Trump negou envolvimento com a invasão. A ação militar foi repudiada por líderes latinos.

Apesar da pandemia do novo coronavírus, os Estados Unidos mantêm bloqueios econômicos contra os venezuelanos. Na prática, empresas deixam de vender ou comprar da Venezuela por medo de serem multadas. Num país que importa cerca de 80% do que consome, a ação provoca a falta de produtos, como peças de máquinas e remédios.

A Venezuela se prepara para novas eleições parlamentares para a Assembleia Nacional, que ocorrerão em 6 de dezembro deste ano, segundo anúncio da Comissão Nacional Eleitoral (CNE). Os mandatos eleitos vigorarão entre o período de 2021 e 2026. De acordo com a entidade, 89 organizações políticas estão habilitadas a participar do processo, entre elas, 28 nacionais, 6 de povos e comunidades indígenas e 52 de partidos regionais. As candidaturas serão apresentadas entre 10 e 19 de agosto, e as campanhas eleitorais ocorrerão entre 21 de novembro e 5 de dezembro.

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