Mundo

Steve Bannon, ex-conselheiro de Trump, é preso por acusações de fraude

Americano é também uma figura influente no governo do presidente Jair Bolsonaro

Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump. Foto: AFP
Apoie Siga-nos no

Em um novo revés para o presidente americano Donald Trump, o seu ex-conselheiro, Steve Bannon, foi detido nesta quinta-feira 20 acusado de fraude em doações para a construção de um muro na fronteira com o México, anunciou a promotoria do distrito sul de Nova York. Ele foi liberado nesta tarde após pagar fiança de US$ 5 milhões.

A acusação diz que a campanha virtual de arrecadação de fundos “Construímos o muro”, idealizada por Bannon e outros três acusados, recebeu doações de mais de US$ 25 milhões.  Boa parte da quantia arrecada para a promessa, no entanto, teria sido gasta em uso pessoal.

As autoridades prenderam Bannon, de 66 anos, em colaboração com a Guarda Costeira. Ele estava em um iate de 45 metros quadrados na costa de Connecticut, de acordo com o New York Times. O jornal afirma que o barco de US$ 35 milhões pertence ao milionário chinês exilado Guo Wengui.

A prisão do nacionalista Bannon é o episódio mais recente de uma série de embates judiciais envolvendo integrantes do círculo íntimo de Trump, que tentará a reeleição em 3 de novembro.

‘Muito triste’

Trump afirmou desconhecer a campanha ‘on-line’ para financiar o muro na fronteira com o México: “Não sei nada sobre esse projeto, não tenho contato com ele há muito tempo”. Disse ainda que a prisão deve ser “algo muito triste” e surpreendente para Bannon. E que lamentava pelo ex-assessor.

Em 2016, o estrategista da campanha presidencial do republicano alegou inocência diante de acusações de fraude bancária e conspiração para lavagem de dinheiro. Mas dois anos depois se juntou à campanha do muro com outro acusado, Brian Kolfage, hospedada no site GoFundMe.

Uma semana após o lançamento, arrecadaram US$ 17 milhões. Mas a plataforma resolveu parar de veicular a campanha. O GoFundMe informou aos organizadores que eles deveriam identificar uma organização sem fins lucrativos legítima para a qual destinariam o dinheiro. Caso contrário, seria devolvido aos doadores.

De acordo com a acusação, os réus começaram a usar uma organização sem fins lucrativos controlada por Bannon e uma empresa de fachada dirigida por outro acusado, Timothy Shea, além de recibos falsos e acordos falsos de vendas para esconder as transações.

Barcos, viagens e cirurgia plástica

De acordo com os promotores, Kolfage ficou com 350 mil dólares para financiar seu “estilo de vida luxuoso”, incluindo a compra de um barco, um veículo de luxo, um carro de golfe, cirurgia plástica e dívidas em cartões de crédito.

Bannon, Shea e Andrew Badolato receberam centenas de milhares de dólares cada, usando a quantia com viagens, hotéis e produtos variados. O ex-assessor de Trump é acusado especificamente de desviar um milhão de dólares para sua organização sem fins lucrativos, que então teria pago secretamente a Kolfage.  Os quatro detidos foram acusados de dois crimes: fraude bancária e conspiração para lavagem de dinheiro. Cada delito pode resultar em uma pena máxima de 20 anos de prisão.

A próxima audiência de Bannon diante de um juiz federal de Nova York foi marcada para 31 de agosto.

Amigo da família Bolsonaro

Antes de se tornar o assessor da campanha presidencial nacionalista e populista de Trump em 2016, Bannon dirigia o site de extrema direita Breitbart News. Apelidado de “príncipe das trevas”, ele passou a ter grande influência sobre Trump como estrategista-chefe da Casa Branca. Seu nacionalismo econômico tornou-se o eixo das políticas do presidente.

No entanto, Bannon deixou seu cargo oficial na Casa Branca em agosto de 2017 após vários confrontos com Trump e membros de sua equipe. Ao mesmo tempo, se aproximou de outras figuras políticas como Jair Bolsonaro, com quem jantou durante uma visita do presidente brasileiro aos EUA em março de 2019.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), com que já se reuniu em diversas ocasiões, foi nomeado representante de seu movimento na América Latina, cuja finalidade é eleger governos populistas de direita pelo planeta.

Com informações da AFP.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo