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Socialistas obtêm maioria absoluta nas eleições legislativas de Portugal

O resultado dispensa o partido de buscar acordos para governar

O Primeiro-ministro Antonio Costa, dos socialistas, discursa durante campanha do partido nas eleições gerais portuguesas. Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP
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Os portugueses frustraram as pesquisas eleitorais e atenderam ao apelo da campanha do atual primeiro-ministro, António Costa. Nas eleições deste domingo 30, o Partido Socialista conquistou 117 cadeiras, uma acima do mínimo de 116 parlamentares necessários para governar sem a exigência de alianças com outras legendas. A bancada pode chegar a 119 deputados, a depender da contagem dos votos fora do país. A última vez em que o PS obteve maioria absoluta no Congresso foi em 2005, na eleição de José Sócrates, colunista de CartaCapital, como premier.

Na última semana de campanha, os levantamentos apontavam um empate técnico entre o PS e o Partido Social Democrata e vários cenários de coligação, a depender dos resultados. Muitos eleitores temiam que o PSD, se vitorioso, fosse obrigado a fazer um acordo com o Chega, agremiação de extrema-direita, em nome da governabilidade. O medo de o Chega ter voz e assento em um futuro governo talvez explique a queda na abstenção, benéfica ao PS. Nesta disputa, cerca de 44% dos eleitores não compareceram às urnas, o menor percentual em uma década. Em 2019, o índice foi de 51,4%. A possibilidade de votar antecipadamente, no domingo 23, e a reserva de um horário para quem cumpre isolamento social por causa da pandemia também aumentaram a confiança dos portugueses no processo eleitoral.

Os movimentos do eleitorado à direita e à esquerda foram opostos. No caso da direita, prevaleceu a fragmentação: o PSD ficou aquém das projeções e perdeu votos para os “novatos” Chega e Iniciativa Liberal, versão lusitana do Partido Novo. À esquerda, prevaleceu o voto útil. O PS, por consequência, consolidou sua hegemonia, enquanto o BE e o CDU, coligação do comunista PCP com o ecologista PEV, perderam espaço, aparentemente punidos pelos eleitores progressistas, que, com ou sem razão, culpam as duas legendas pela reprovação do Orçamento no fim do ano passado. O impasse precipitou a crise política e obrigou o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a convocar as eleições antecipadas. Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, culpou o PS pelos maus resultados das demais agremiações à esquerda. “Foi uma crise fabricada pelo Partido Socialista justamente para buscar uma maioria absoluta”, discursou no fim da noite.

A “jogada” do PS pela maioria absoluta explica em grande medida o fato de o Chega ter obtido a terceira colocação. O resultado tem mais a ver com o derretimento das legendas progressistas do que com um crescimento expressivo do partido xenófobo liderado por André Ventura. Seus onze deputados farão no Parlamento, como na peça de Shakespeare, muito barulho por nada. A esta altura, o Chega é um espinho na garganta dos partidos tradicionais de direita, não uma ameaça real ao país.

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