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Pressionado, Moreno muda sede de governo no Equador para Guayaquil

Movimentos populares, indígenas e trabalhadores seguem com protestos contra o fim dos subsídios decretado pelo governo

Milhares saem às ruas do Equador em protesto contra medidas econômicas adotadas pelo governo como parte de acordo com o FMI (Foto: RODRIGO BUENDIA / AFP)
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O presidente do Equador, Lenín Moreno, começou a governar de Guayaquil depois de sair de Quito na segunda-feira 7, pressionado pelos protestos indígenas que ele vinculou a um plano apoiado pela Venezuela para tentar derrubá-lo.

Diante da chegada à capital do país de milhares de indígenas que rejeitam o fim dos subsídios decretado pelo governo e a consequente alta do preço dos combustíveis, Moreno decidiu transferir a sede do governo, com base no estado de exceção decretado na quinta-feira para tentar sufocar a rebelião social.

Com a medida extraordinária, que a princípio foi decretada por 60 dias, os militares foram enviados às ruas e o governo tem a faculdade de restringir direitos e impor censura prévia à imprensa.

Ao lado dos comandantes militares, Moreno anunciou a mudança temporária de seu gabinete em um discurso à nação.

Esta foi a resposta do presidente ao sexto dia de mobilizações e distúrbios, provocados pela medida econômica adotada pelo governo como parte de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter créditos de 4,209 bilhões de dólares para aliviar uma economia dolarizada e o alto nível de endividamento.

Ao mesmo tempo, Moreno acusou seu antecessor e antigo aliado Rafael Correa – que mora na Bélgica – e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de querer desestabilizar seu governo.

“O sátrapa do Maduro ativou com Correa seu plano de desestabilização”, disse Moreno.

Pouco antes da meia-noite, novos confrontos foram registrados entra a polícia e os manifestantes nos arredores do palácio presidencial e aconteceu uma tentativa de invasão da Assembleia Nacional, em Quito, de acordo com uma denúncia do Congresso.

 

Manifestantes ocuparam três campos de produção de petróleo na Amazônia, provocando uma quebra na produção de 63.250 barris por dia, informou o ministério da Energia.

As atividades em três campos da Amazônia “foram suspensas devido à ocupação das instalações por grupos de pessoas alheias à operação”, o que afetou 12% da produção total do país, de 531.000 barris/dia, precisou o ministério.

Em 16 das 24 províncias equatorianas foram registrados bloqueios nas estradas nesta segunda, de acordo com um relatório do Serviço de Segurança Integrado ECU 911.

Os protestos deixaram até o momento um civil morto, 73 feridos (incluindo 59 agentes de segurança) e 477 detidos (a maioria por vandalismo), de acordo com as autoridades.

Vários setores sociais rejeitam a decisão do governo em eliminar os subsídios, anunciada na última quinta-feira, que atende a um acordo assinado com o FMI para a concessão de um empréstimo de 4,2 bilhões.

A medida gerou aumentos de até 123% nos preços dos combustíveis. O galão de 3,79 litros de diesel passou de 1,03 para 2,30 dólares e o da gasolina comum de 1,85 para 2,40 dólares.

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