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Por China e eleição, EUA falam em combater protestos na América Latina

Secretário de Estado americano, Mike Pompeo defende ‘trabalhar’ com governos locais para sufocar manifestações

Donald Trump (Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP)
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De passagem por Brasília em outubro, o sociólogo português Boaventura de Souza Santos disse que os Estados Unidos atualmente tentam compensar terreno perdido na América Latina. Para ele, após 2001, ano do ataque às Torres Gêmeas, os EUA priorizaram o combate ao terrorismo islâmico, e isso facilitou o avanço da influência chinesa na região. “Hoje o que se vê no continente americano é o controle estrito dos aliados dos Estados Unidos por Washington”, afirmou.

Ao participar na última segunda-feira 2 de uma conferência na Universidade de Louisville, no sudeste dos EUA, Mike Pompeo, secretário de Estado americano, cargo equivalente no Brasil ao do ministro das Relações Exteriores, mostrou o acerto da avaliação do sociólogo.

Ao comentar distúrbios na Bolívia, no Chile, na Colômbia e no Equador, Pompeo disse que “nós, no governo Trump (…) trabalharemos com governos legítimos para impedir que os protestos se transformem em tumultos e violências que não refletem a vontade democrática do povo”. Criticou ainda Cuba e Venezuela, que agiriam para influenciar os protestos.

A defesa aberta de uma autoridade de ação de Washington na América Latina não reflete apenas a rivalidade entre EUA e China. Tem a ver também com a eleição presidencial de novembro de 2020 nos Estados Unidos, tema já a ditar as iniciativas de Donald Trump, candidato à reeleição. “Acho que é melhor esperar até depois da eleição em relação à China”, disse Trump na terça-feira 3.

Assuntos latino-americanos, especialmente a Venezuela, têm sido cada vez mais presentes na política interna dos Estados Unidos.

É de autoria de parlamentares do estado da Flórida a maioria das propostas de lei defensoras de endurecer com o governo venezuelano de Nicolás Maduro e com Cuba. A Flórida é receptora de imigrantes latinos e caribenhos, possui uma antiga comunidade cubana conservadora e anti-revolucionária e de venezuelanos anti-chavistas, até pela proximidade física.

A Flórida é local chave na eleição americana, realizada de modo diferente daquele visto por aqui. Nos EUA, a eleição é indireta. Chega a presidente não quem tem mais votos dos eleitores, mas, sim, quem tem mais delegados estaduais. O ganhador na votação popular em um estado leva todos os delegados daquele estado, um número pré-definido há muito tempo com base na população.

Entre os quatro estados populosos, com cerca de 20 milhões de pessoas, a Flórida tem o terceiro maior número de delegados, 29, empatada com o estado de Nova York, de população parecida. A Califórnia é quem tem mais delegados (55, população de uns 40 milhões), seguida do Texas (39 e cerca de 28 milhões de habitantes).

Vencer a eleição na Flórida, cuja capital é Miami, é decisivo para os aspirantes à Casa Branca.

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