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Netanyahu diz que Bolsonaro prometeu embaixada do Brasil em Jerusalém em 2020

O governo brasileiro ainda não anunciou a data da transferência da embaixada, como prometido por Bolsonaro durante sua campanha presidencial

O premiê Benjamin Netanyahu e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Foto: Gil COHEN-MAGEN / AFP
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Na cerimônia de lançamento das atividades do escritório de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) em Jerusalém, neste domingo (15), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, garantiu ter recebido a promessa de que o governo brasileiro vai transferir a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém no ano que vem. “Beezrat Hashem” (“com a ajuda de Deus”), completou.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, presente à cerimônia confirmou que essa é a promessa de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro.

“O presidente Bolsonaro me disse que vai transferir a embaixada, com certeza. Mas estamos estudando com cuidado. Não queremos dar um passo atrás”, disse Eduardo Bolsonaro, se referindo ao Paraguai, que chegou a realizar a inauguração festiva de uma embaixada em Jerusalém em maio de 2018, mas voltou atrás três meses depois. “Queremos ser um exemplo para a América Latina. Se fizermos esse movimento, os outros países vão se sentir comfortáveis para nos seguite. E é o que esperamos”, completou.

“Se não mudarmos a embaixada para Jerusalem e se os terroristas acharem que podem nos ameaçar, será uma vergonha. Quem comanda seu país é o governo e não grupos terroristas”, continuou Bolsonaro, que começou o discurso se desculpando pelo inglês. “É a primeira vez que falo em público em inglês”, explicou.

“Potencial inacreditável”

O primeiro-ministro israelense, que compareceu acompanhado da esposa, Sara Netanyahu, disse que o escritório da Apex “pode ajudar Brasil e Israel a realizar seu potencial de comércio.

“O Brasil tem um potencial inacreditável”, disse Netanyahu, que elogiou a política externa do presidente Bolsonaro e relembrou sua visita ao Brasil, para a posse do presidente brasileiro.

O escritório da Apex em Jerusalém vai lidar com promoção de negócios, investimento, tecnologia e inovação e contará com três funcionários, um brasileiro (a diretora Camila Meyer, funcionária da Apex deslocada para o país) e dois locais. Ele funcionará no Parque Industrial Har Hotzvim no escritório de coworking Regus.

A cerimônia de lançamento, no entanto, ocorreu no hotel cinco estrelas David Citadel porque o escritório ainda não está pronto. Neste domingo, um rabino colocou uma mezuzá (símbolo judaico colocado em umbrais de portas e que funciona como amuleto de proteção), mas os funcionários ainda não foram contratados. O orçamento para a manutanção do local não foi divulgado.

A ligação do escritório é com a embaixada será de cooperação, mas, como ele não terá status diplomático, ainda se estuda se terá na porta uma bandeira do Brasil ou apenas o símbolo da Apex.

A Apex-Brasil tem seis escritórios comerciais pelo mundo: Dubai, Bruxelas, Miami, São Francisco, Bogotá, Pequim e Moscou, todos sem status diplomático. O sétimo, o de Taiwan, é o único ligado totalmente ao Itamaraty, com status diplomático semelhante à Representação do Brasil em Ramallah, na Cisjosrdânia.

Embaixador brasileiro não participou do evento

O embaixador do Brasil em Israel, o diplomata Paulo César de Vasconcellos, há mais de dois anos no posto, não participou do evento por estar no Brasil. Mas a embaixada brasileira enviou representante, o encarregado de negócios Eduardo Cançado e outros diplomatas.

Honduras e Hungria também abriram escritórios comerciais em Jerusalém, nos últimos meses, mas com status diplomático, ao contrário da Apex-Brasil, que não terá esse status. O presidente hondurenho, Juan Orlando Hernandez, afirmou que o escritório seria apenas o “primeiro passo” em direção à transferência da embaixada de seu país para Jerusalém, o que poderia acontecer nas próximas semanas.

O governo brasileiro, no entanto, ainda não anunciou concretamente a data da transferência da embaixada, como prometido pelo presidente Bolsonaro durante sua visita a Israel, em abril deste ano, e durante sua campanha presidencial.

A abertura de um escritório comercial em Jerusalém seria uma “saída diplomática” para agradar a base evangélica do governo e, ao mesmo tempo, não melindrar países árabes, que mantêm rico relacionamento comercial com o Brasil. Eles são grandes compradores de carne bovina e de frango do Brasil e representaram 4,8% das exportações brasileiras em 2018.

Nenhum país mantinha embaixada em Jerusalém até abril de 2018, quando o governo americano do presidente Dondald Trump transferiu oficialmente sua representação diplomática para Jerusalém após reconhecer a cidade como capital de Israel – passo polêmico com repercussões internacionais. Israel esperava que outros países aliados seguissem a iniciativa dos EUA, mas apenas a Guatemala o fez.

Outros países, como Hungria e Honduras, apenas abriram escritórios de negócios em Jerusalém. República Tcheca e Austrália inaugurararam escritórios similares, mas sem status diplomático, o que prometem fazer em breve também Eslováquia e Ucrânia.

Israel considera Jerusalém sua “capital eterna e indivisível” e é lá que está o Knesset (o Parlamento) e todos os órgãos de governo. Já os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado palestino. Segundo resolução da ONU de 1947, Jerusalém deveria ser uma cidade internacionalizada e desmilitarizada. A maior parte da comunidade internacional considera que a cidade está em disputa e que deveria servir como capital de Israel e da Palestina após um acordo de paz que estabelecesse a criação de dois Estados nacionais adjacentes.

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