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Mortalidade infantil cresce 75% em 5 anos na Venezuela

O país comandado por Maduro é o único da América do Sul que retornou a níveis observados nos anos 90

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Um relatório divulgado nesta quinta-feira 3 pela Human Rights Watch, em parceria com a universidade americana Johns Hopkins, mostra que a mortalidade infantil na Venezuela teve um aumento de 75% em um período de cinco anos. A Venezuela é o único país da América do Sul que retornou a níveis observados nos anos 90.

O estudo avaliou a situação da saúde no país de Nicolás Maduro, que sofre com uma crise política e humanitária. A equipe fez 156 entrevistas no período de 12 meses ouvindo médicos que atuam na Venezuela e cidadãos que cruzaram a fronteira do Brasil ou da Colômbia.

Desde 2017 não existe uma comunicação oficial do governo venezuelano sobre os dados da saúde do país. Para chegar aos números foram utilizadas pesquisas de órgãos internacionais que defendem os direitos humanos e as entrevistas realizadas pela equipe. Os médicos consultados também enviaram documentos.

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A conclusão não foi animadora: o estudo se deparou com um sistema de saúde em colapso total, aumentando os níveis de mortalidade materna e infantil; a propagação de doenças evitáveis ​​por vacinação, como o sarampo e a difteria; e o aumento no número de doenças infecciosas, como malária e tuberculose.

“Embora o governo tenha parado de publicar dados oficiais sobre nutrição em 2007, pesquisas realizadas por organizações e universidades venezuelanas documentam altos níveis de insegurança alimentar e desnutrição infantil, e dados disponíveis mostram altas admissões hospitalares de crianças desnutridas”, diz o relatório.

Sobre a mortalidade infantil foram utilizados dados da Unicef que mostram uma quase duplicação das taxas nos últimos cinco anos. De 14,6 mortes por 1.000 nascidos vivos em 2012 para 25,7 mortes por 1.000 nascidos vivos em 2017. Em um dos hospitais do país, a situação é ainda pior: de 2016 a 2018, as mortes neonatais aumentaram 54% e o número de mortes infantis dobrou.

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Ajuda humanitária

A ajuda humanitária internacional à Venezuela teve crescimento em 2018, após uma mudança no discurso do governo de negar totalmente a crise humana e econômica. Maduro, entretanto, sustentou (e sustenta) que a escassez tem a ver com as sanções impostas pelos EUA. Organizações internacionais e não-governamentais têm relatado consistentemente que a ajuda à Venezuela não é suficiente para cobrir as necessidades urgentes da população.

Tamara Taraciuk é venezuelana radicada na Argentina e foi uma das responsáveis pelo estudo. Ela conta que a conclusão do relatório é de que a crise venezuelana é consequência de uma má gestão. “O governo de Nícolas Maduro esconde os dados para maquiar a magnitude da crise. Mais de 7 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária na Venezuela, precisamos agir”, disse.

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Segundo Tamara, o secretário-geral da ONU, António Guterres, deve liderar esforços para desenvolver um plano abrangente de resposta humanitária, dentro e fora do país. “Nada deve ser feito diretamente ao Estado. Toda a ajuda deve ser direcionada à ONU. Os países precisam agir, mas sem envolver a política”, pontua.

“A combinação de escassez de medicamentos e de alimentos, juntamente com a disseminação de doenças nas fronteiras da Venezuela, equivale a uma emergência humanitária complexa que requer uma resposta completa”, conclui Tamara.

Assista ao vídeo sobre a campanha:

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