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Morre presidente do Parlamento Europeu, o italiano David Sassoli

O mandato deste ex-jornalista começou em 2019 e expirava este mês no meio da legislatura europeia, de cinco anos

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O presidente do Parlamento Europeu, o socialdemocrata italiano David Sassoli, faleceu nesta terça-feira (11) e foi saudado como um “campeão da democracia” por eurodeputados e lideranças do bloco.

“David Sassoli faleceu em 11 de janeiro, à 1h15, no CRO (Centro de Referência de Oncologia) de Aviano, Itália, onde estava internado” desde o final de dezembro, disse seu porta-voz, Roberto Cuillo, no Twitter.

“A data e o local do funeral serão comunicados nas próximas horas”, acrescentou.

Na segunda-feira à tarde, a equipe de Cuillo havia anunciado que Sassoli se encontrava hospitalizado na Itália, desde 26 de dezembro, em estado grave, devido a uma “disfunção de seu sistema imunológico”.

O italiano, que superou uma leucemia no passado, esteve internado no outono boreal (primavera no Brasil) por causa de uma pneumonia que o manteve afastado da atividade parlamentar durante várias semanas.

“Europeu sincero e apaixonado, seu calor humano, sua generosidade, sua gentileza e seu sorriso já fazem falta”, reagiu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, nesta terça.

No Twitter, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar “extremamente triste” com a morte de Sassoli.

“Estou extremamente triste com a perda de um grande europeu, de um orgulhoso italiano, um jornalista atento, um extraordinário presidente do Parlamento Europeu e, acima de tudo, um amigo”, homenageou Von der Leyen.

Von der Leyen determinou que as bandeiras da UE fossem içadas a meio-pau em todos os edifícios das instituições europeias nesta terça.

‘Campeão da democracia’

Sua provável sucessora à frente do Parlamento Europeu, a eurolegisladora conservadora Roberta Metsola, de Malta, lamentou o falecimento, que a deixou “com o coração destroçado”.

“Meu coração está destroçado. A Europa perdeu um líder, eu perdi um amigo, e a democracia perdeu um campeão”, tuitou Metsola.

O comissário europeu para a Economia, o também italiano Paolo Gentiloni, declarou que “nos lembraremos de um líder da democracia e um defensor da Europa. Você foi luminoso, generoso e feliz”.

Já o vice-presidente da Comissão Europeia, Franz Timmermans, afirmou que a gentileza de Sassoli “era uma inspiração para todos”.

O chefe do governo italiano, Mario Draghi, referiu-se a Sassoli como “um símbolo do equilíbrio, de humanidade e de generosidade”.

Uma mensagem à viúva de Sassoli, Alessandra Vittorini, enviada em nome do papa Francisco, destacou “um crente movido pela esperança e pela caridade, um jornalista competente e estimado, e um homem de instituções”.

Para o novo chanceler alemão, Olaf Scholz, “a Europa perdeu um presidente do Parlamento comprometido, a Itália ficou sem um político sábio, e a Alemanha perdeu um amigo”.

O chefe do governo holandês, Mark Rutte, lembrou de Sassoli com um “ardoroso defensor dos valores e princípios” da Europa.

Eleição em 18 de janeiro

O mandato deste ex-jornalista começou em 2019 e expirava este mês no meio da legislatura europeia, de cinco anos.

A eleição de seu sucessor foi marcada para 18 de janeiro.

Em meados de dezembro, os socialdemocratas (segunda maior bancada na Casa) anunciaram que estavam renunciando a apresentar um candidato. A decisão abriu caminho para a candidata de direita e atual primeira-vice-presidente da instituição, a maltesa Roberta Metsola.

Deputado europeu desde 2009, Sassoli foi eleito em julho de 2019 como presidente da Câmara após um acordo para distribuir a presidência dos principais cargos da União Europeia entre as três grandes bancadas.

Em virtude desse pacto, a direita obteve a presidência da Comissão Europeia, com Von der Leyen; os liberais de centro, a liderança do Conselho Europeu, com Charles Michel; e os socialdemocrata, o Parlamento.

Seu mandato foi marcado pela crise sanitária da covid-19 que obrigou o Parlamento Europeu, única instituição comunitária eleita diretamente, a trabalhar de forma remota.

Durante este período, Sassoli cedeu as instalações vazias do Parlamento em Estrasburgo e em Bruxelas para a preparação de refeições para pessoas carentes e para a instalação de um centro de testes de detecção da covid-19.

Em meados de novembro, Sassoli recebeu o “apoio unânime” de seu grupo para disputar um segundo mandato. À época, evitou se declarar oficialmente candidato, em meio às incertezas diante de seu estado de saúde.

“Não estamos aqui para falar de mim. Estou a serviço do meu grupo”, declarou, prudentemente, aos eurodeputados socialdemocratas da época.

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