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Ministro da Defesa de Israel se demite e pede eleições antecipadas

O ultranacionalista Avigdor Lierberman enxerga cessar-fogo como capitulação ao “terrorismo”. A demissão abre crise no gabinete de Benjamin Netanyahu

A demissão de Lierberman abre uma crise no governo
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O ministro israelense da Defesa, Avigdor Lieberman, anunciou sua demissão nesta quarta-feira 14. Ele é contra o cessar-fogo na faixa de Gaza e sua decisão provocou uma crise no governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Os rumores da saída de Lieberman começaram a circular logo no início desta quarta-feira. O anuncio acontece um dia depois de um acordo concluído indiretamente com os grupos palestinos para uma trégua na Faixa de Gaza.

Em declaração à mídia, o ministro ultranacionalista denunciou o cessar-fogo como uma “capitulação ao terrorismo”. “O Estado compra tranquilidade no curto prazo ao custo de graves danos no longo prazo para a segurança nacional”, disse Lieberman, que também pediu eleições antecipadas. “Deveríamos acertar uma data para eleições o mais rapidamente possível”, afirmou, após criticar a trégua defendida por Netanyahu.

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“Em períodos de urgência, o público nem sempre sabe” a razão da tomada de “decisões essenciais para a segurança do país, e estas decisões devem permanecer secretas para o inimigo”, afirmou. “Nossos inimigos nos suplicaram para aceitar este cessar-fogo e sabem muito bem por que fizeram isso”, acrescentou.

Lieberman também criticou a decisão do governo de permitir a transferência de dólares do Catar para a Faixa de Gaza, principalmente para pagar os salários dos funcionários do movimento palestino Hamas.

A demissão de Lieberman entrará em vigor em 48 horas. Resta saber se seu partido, o ultranacionalista Yisrael Beiteinu, continuará na coalizão.

Antes mesmo da coletiva de imprensa do ministro da Defesa, o entorno de Netanyahu avisou que até nova ordem, a pasta em questão ficará nas mãos do primeiro-ministro. “Também é importante frisar que não será necessário antecipar as eleições”, disse um conselheiro próximo a Netanyahu.

Cessar-fogo

As aulas foram retomadas hoje no sul de Israel e na Faixa de Gaza, três dias depois do início de uma escalada que viu grupos armados palestinos lançarem centenas de foguetes e obuses de morteiro sobre Israel, assim como o Exército israelense bombardear dezenas de posições no território.

Quinze palestinos foram mortos pelos disparos israelenses. As hostilidades causaram a morte de um oficial israelense e de um outro palestino que trabalhava em Israel, morto por um foguete.

Mais do que nunca desde 2014, as hostilidades colocaram os protagonistas desse conflito muito perto de uma quarta guerra em uma década no território sob bloqueio e cercado por Israel, Egito e Mediterrâneo, antes do anúncio, na terça-feira 13 à tarde, de um cessar-fogo mediado pelo Cairo.

A vida retomou seu curso em uma Faixa de Gaza desgastada pelas guerras, pela pobreza e pelo desemprego. Do lado israelense, todas as restrições foram suspensas às atividades nas localidades periféricas de Gaza, onde os disparos de foguetes haviam levado a população a buscar abrigo. Os trens também recomeçaram a circular.

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