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Irã nega que avião ucraniano tenha sido derrubado por míssil

Tese de que o avião tenha sido atingido por um míssil ganha força com declarações do Canadá e do Reino Unido

Avião ucraniano, que caiu no Irã e matou 176 pessoas. Foto: Akbar TAVAKOLI / IRNA / AFP
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O Irã negou categoricamente nesta sexta-feira 10 a tese de que o avião ucraniano que caiu na quarta-feira 8 perto de Teerã tenha sido derrubado por um míssil, como afirmam vários países, entre eles o Canadá, que perderam vários de seus cidadãos.

Na tragédia, morreram 176 pessoas, a maioria iraniano-canadenses, mas também britânicos, suecos e ucranianos.

O acidente ocorreu de madrugada, logo após o Irã disparar mísseis contra bases militares utilizadas pelos militares americanos estacionados no Iraque.

Na quinta-feira 9, Canadá e Reino Unido disseram que o avião, um Boeing 737, foi abatido por um míssil iraniano, provavelmente por engano, e vários vídeos que apontam para esta tese foram postados nas redes sociais.

“Uma coisa é certa, este avião não foi atingido por um míssil”, disse o presidente da Organização de Aviação Civil Iraniana (CAO), Ali Abedzadeh, em uma entrevista coletiva em Teerã.

O voo PS752 da companhia Ukraine Airlines International (UAI) decolou de Teerã rumo a Kiev e caiu dois minutos depois.

Um vídeo de cerca de 20 segundos mostra imagens de um objeto luminoso que sobe rapidamente para o céu e toca o que parece ser um avião. O vídeo, que não foi formalmente autenticado pela AFP, foi publicado por vários meios de comunicação, como o jornal The New York Times.

“Vimos alguns vídeos”, disse Abedzadeh. “Confirmamos que o avião ficou em chamas por cerca de 60 ou 70 segundos”, embora, segundo ele, “não seja correto cientificamente que foi atingido por algo”.

Tese “não confirmada”

“As informações nas caixas-pretas são absolutamente cruciais para a investigação”, disse Abedzadeh. “Qualquer declaração antes da extração dos dados não é uma opinião de especialistas”, ressaltou.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse que se encontrará com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, nesta sexta-feira 10, depois que Kiev pediu aos países ocidentais dados sobre a tese do míssil iraniano.

De acordo com a diplomacia ucraniana, os Estados Unidos entregaram ao presidente “dados importantes que serão tratados por nossos especialistas”.

“A tese de um míssil que atingiu o avião não está descartada, mas não está confirmada”, disse Zelenski no Facebook.

Cerca de 50 especialistas ucranianos chegaram a Teerã na quinta-feira para participar da investigação e da análise das caixas-pretas. Uma equipe canadense de dez pessoas está “a caminho” para tratar de questões relacionadas às vítimas.

 

A agência canadense de segurança nos transportes aceitou um convite da autoridade de aviação civil iraniana para participar da investigação.

Apenas alguns países do mundo, incluindo Estados Unidos, Alemanha e França, têm a capacidade de analisar caixas-pretas. Na quinta-feira, o Irã convidou a Boeing, fabricante americana de aeronaves, para participar da investigação. A Agência de Segurança dos Transporte dos EUA (NTSB, na sigla em inglês) anunciou que também participará.

Na França, o Escritório de Investigação e Análise para Segurança da Aviação Civil (BEA, na sigla em francês) disse que recebeu um aviso oficial do Irã e “elegeu um representante credenciado para participar da investigação”.

Segundo o relatório preliminar da aviação civil iraniana, várias testemunhas observaram um incêndio no avião. A aviação civil deu a entender que, entre as testemunhas, havia pessoas que estavam no chão, mas também outras que estavam em outra aeronave acima do Boeing.

Esta é a pior catástrofe da aviação civil no Irã desde 1988, quando o Exército americano alegou ter abatido por engano um Airbus da Iran Air. Nesta tragédia, 290 pessoas morreram.

É também o acidente mais mortal com a presença de vítimas canadenses desde 1985, quando o ataque a um Boeing 747 da Air India em 1985 matou 268 canadenses.

“Temos informações de várias fontes indicando que o avião foi abatido por um míssil iraniano”, disse o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, na quinta-feira, acrescentando que “não foi intencional”.

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