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França fechará mesquita após decapitação de professor

Autoridades classificaram local como um núcleo do ‘movimento islamista radical’

Mesquita Pantin
Fiéis na Mesquita Pantin, na França. Foto: Alice LEFEBVRE/AFP Fiéis na Mesquita Pantin, na França. Foto: Alice LEFEBVRE/AFP
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Autoridades francesas fecharão nesta quarta-feira 21 a mesquita de Pantin, no nordeste de Paris, considerada um núcleo do “movimento islamista radical” na região. A decisão ocorre após a decapitação do professor Samuel Paty, em Conflans-Sainte-Honorine, que exibiu charges de Maomé para seus alunos. O local deve ficar fechado por seis meses.

 

O fiéis, em sua maioria moderados, sentem-se prejudicados. “Pelo erro de uma pessoa (que compartilhou o vídeo de denúncia contra o professor), todos os fiéis irão pagar”, contesta Moussa, um treinador esportivo de 30 anos. “Para mim, o fechamento é uma forma de nos castigar”.

A investigação sobre o crime avança. Dezesseis pessoas, entre elas cinco estudantes do ensino médio e membros do círculo familiar do assassino, foram presas preventivamente suspeitas de envolvimento no homicídio. Um aluno chegou a ser detido no domingo, liberado depois e novamente preso nesta terça-feira 20.

De acordo com a investigação, alguns alunos da escola teriam passado o nome do professor para o assassino, o jovem checheno russo Abdullakh Anzorov. Ele chegou a divulgar no Twitter uma foto do corpo pouco antes de ser morto pela polícia.

Segundo uma fonte próxima ao caso, vários familiares de Abdullakh Anzorov declararam que sua radicalização teria ocorrido há poucos meses, “menos de um ano”. Eles também teriam dito aos investigadores que o assassino chegou a mencionar a “polêmica” com o professor – embora não tivesse falado sobre seu plano de decapitá-lo.

Conversas entre pai e assassino

O pai de uma aluna que fez um apelo no Facebook por uma mobilização contra o professor também está preso. Em uma mensagem divulgada na rede social, ele pediu uma ação contra Paty depois que sua filha assistiu à aula sobre liberdade de expressão em que o professor exibiu charges de Maomé.

Fontes próximas informaram que o homem trocou mensagens pelo WhatsApp com o assassino, dias antes do ataque, após dar seu número de telefone pelo Facebook em uma mensagem acompanhada de um vídeo divulgado em 8 de outubro.

Além disso, ele compareceu à escola para reclamar do professor junto ao militante e pregador islâmico Abdelhakim Sefrioui, a quem o ministro do Interior Gerald Darmanin acusa de lançar uma “fatwa” contra o professor. O pregador foi detido no sábado.

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