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Covid-19 pode arruinar crescimento de países pobres, diz Banco Mundial

Presidente da organização reiterou que é esperada uma ampla recessão global, mais profunda do que a Grande Recessão

O presidente do Banco Mundial, David Malpass. Foto: NICHOLAS KAMM/AFP
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A crise econômica causada pela pandemia de coronavírus pode comprometer o progresso feito por países pobres nos últimos anos – advertiu o presidente do Banco Mundial nesta sexta-feira 17.

“Os avanços em matéria de desenvolvimento feitos nos últimos anos podem ser facilmente perdidos” se não agirmos rapidamente, alertou David Malpass.

A instituição com sede em Washington se comprometeu a ajudar os países mais vulneráveis do mundo, na semana em que o G20 apoiou uma iniciativa do G7 em acordo com o Clube de Paris para liberar cerca de 76 países pobres do pagamento da dívida por um ano.

O Banco Mundial vai investir US$ 160 bilhões nos próximos 15 meses em projetos para conter a pandemia, incluindo a ampliação de testes, o estabelecimento de cordões sanitários e aquisição de equipamentos médicos.

Esse fundo deve beneficiar inicialmente 25 países, entre eles Equador, Haiti e outros da África e da Ásia, incluindo a Índia, e o Banco espera expandi-lo para 100 países até o final do mês.

“Mas isso vai ser claramente insuficiente”, no momento em que falta tudo nestes países, comentou Malpass, durante as reuniões semestrais do Banco e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Malpass reiterou que é esperada uma ampla recessão global ainda mais profunda do que a Grande Recessão. Entre as causas, estão a queda simultânea da produção, do investimento, da empregabilidade e do comércio.

O FMI estima uma contração global de 3%, mas a queda do PIB pode ser maior, se a pandemia não for controlada antes do final de junho, e as medidas de confinamento tiverem de se prolongar no segundo semestre.

Compreensão dos credores

O anúncio de liberar temporariamente dezenas de países pobres da obrigação da dívida, incluindo Honduras, Haiti e Nicarágua, foi acompanhado por várias solicitações do Banco Mundial e do FMI para a adesão de credores privados.

“Os credores comerciais do governo devem apoiar o esforço de redução da dívida e não tirar proveito da situação”, disse Malpass.

Esta iniciativa favoreceu principalmente os países africanos, um continente que esteve no centro destas reuniões, marcadas pela crise do novo coronavírus.

Nesta sexta, o Banco Mundial e o FMI indicaram em um comunicado conjunto com líderes africanos que o continente ainda precisa de 44 bilhões de dólares para combater a pandemia.

As instituições financeiras multilaterais mobilizaram cerca de US$ 57 bilhões de há US$ 13 bilhões de credores privados para o continente, para o qual o FMI espera uma contração de 1,6% de seu PIB em 2020.

“Este é um ponto de partida importante, mas (na África) precisa-se de uma estimativa de 114 bilhões de dólares em 2020 na luta contra a COVID-19, o que deixa uma brecha de US$ 44 bilhões”, indicaram.

O Banco Mundial advertiu que esta pode ser a primeira vez em 25 anos que a África cai em recessão.

Malpass também fez um apelo aos governantes dos países beneficiados pelo uso responsável dos fundos.

“Se um governo economiza ao não pagar os credores, espera-se que os recursos sejam aplicados em saúde, educação, manutenção de empregos, formas concretas de ajudar os necessitados em seu país”, enfatizou.

Na América Latina, a crise será mais acentuada do que em outras regiões, com contração de 5,2% e, no caso da Espanha, país gravemente atingido pelo novo vírus, a queda do PIB será de 8%.

Na quinta-feira, o FMI alertou para a possibilidade de mais uma “década perdida” para a América Latina, com uma crise que faz oscilar a taxa de câmbio, o preço das matérias-primas, o turismo e desequilibra oferta e demanda.

A pandemia do novo coronavírus causou ao menos 150.142 mortes no mundo desde que teve início em dezembro passado, na China, segundo contagem da AFP feita a partir de fontes oficiais às 16h de Brasília (19h GMT) desta sexta-feira (17).

Desde o começo da epidemia foram contabilizados 2.207.730 casos de contágio em 193 países ou territórios.

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