Mundo

Covid-19: o que explica a morte de 4 adolescentes em uma semana na Europa?

Mortes precoces vêm sendo registradas nos últimos dias, preocupando as famílias e intrigando médicos

Créditos: ARIS MESSINIS / AFP
Apoie Siga-nos no

Ao menos quatro adolescentes morreram após terem sido contaminados pelo coronavírus na Europa: uma garota de 16 anos na França, uma menina de 12 anos na Bélgica, um garoto de 14 anos em Portugal e um de 13 anos no Reino Unido. Embora a Covid-19 faça mais vítimas entre os idosos, os jovens também podem sofrer complicações ao contrair a doença, afirmam médicos e pesquisadores.

A pandemia de coronavírus deveria poupar os mais jovens, segundo informaram as autoridades sanitárias durante os primeiros meses da pandemia. Mas mortes precoces vêm sendo registradas nos últimos dias, preocupando as famílias e intrigando médicos.

A mais jovem vítima da Covid-19 no Reino Unido é o menino britânico Ismaïl, de 13 anos. Ele faleceu na segunda-feira 30, no King’s College Hospital de Londres, após ter testado positivo ao coronavírus.

Já a mais jovem vítima da epidemia em toda a Europa é uma garota belga de apenas 12 anos. As autoridades sanitárias do país anunciaram sua morte na terça-feira 31.

Em Portugal, o adolescente Vítor, de 14 anos, morreu no domingo 29, por complicações relacionadas ao coronavírus. Segundo o Hospital São Sebastião, em Santa Maria da Feira, no norte do país, onde o garoto estava internado, seu quadro clínico era “complicado” e ele sofria de “patologias graves”.

Na França, Julie, de 16 anos, faleceu na madrugada de 25 de março no hospital Necker, em Paris. A exemplo dos adolescentes do Reino Unido e da Bélgica, a jovem francesa não tinha outras doenças.

Casos “extremamente raros”

Segundo o diretor-geral da Saúde da França, Jérôme Salomon, casos como os de Julie são “extremamente raros”. “Eles acontecem de vez quando por múltiplas razões. São acompanhados de infecções virais com formas extremamente severas e excepcionais da Covid-19”, afirma o especialista.

Segundo o professor Bruno Riou, diretor da célula de crise dos hospitais públicos de Paris, o fenômeno é inevitável devido à magnitude da pandemia. À France Info, ele explicou que “mesmo se os mais jovens sofrem um risco individual muito baixo, com o aumento da população atingida, haverá, naturalmente, alguns pacientes mais severos dentro desta faixa etária”.

Adolescentes podem ter predisposição ao coronavírus?

É o que questiona a pesquisadora Nathalie McDermott, professora no King’s College Hospital, depois da morte do menino britânico. “É importante que um médico legista determine se um exame post-mortem é necessário para determinar a causa exata do óbito”, afirma, em entrevista à France Info.

Por isso, para a especialista, é “essencial realizar pesquisas para determinar porque algumas mortes são registradas fora dos grupos suscetíveis de contrair o vírus”, como idosos ou pessoas que sofrem de doenças respiratórias crônicas, diabetes, entre outros.

Segundo McDermott, poderia existir uma “suscetibilidade genética subjacente à maneira como o sistema imunológico interage com o vírus”. “Se sabemos que é menos provável que crianças desenvolvam formas severas da Covid-19 em relação aos adultos, esses casos mostram a que ponto é importante que tomemos todas as precauções possíveis para reduzir a propagação da doença”, reitera.

Estatísticas sobre morte de jovens por coronavírus

Nos Estados Unidos, a faixa etária de 20-44 anos representa 29% dos casos confirmados, 20% dos pacientes hospitalizados e 12% dos doentes infectados pela Covid-19 nas UTIs. Um relatório, elaborado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país e divulgado em 16 de março, foi realizado com base em 2.500 pacientes.

O contágio de jovens abaixo de 20 anos era, até essa data, pouco comum, com menos de 1% das hospitalizações e nenhum paciente desta faixa etária na UTI. No entanto, um bebê de menos de um ano morreu após ter sido contaminado pela Covid-19 no estado de Illinois, anunciaram as autoridades americanas no último sábado 28.

Na França, entre os 14 mil casos testados positivos até 20 de março, quase todos eram adultos, 30,6% tinham entre 15 e 44 anos e apenas 1,3% tinham menos de 15 anos, segundo dados publicados em 26 de março pela agência Saúde Pública da França.

No balanço, o órgão ressaltou a relevância da idade entre os casos graves e óbitos relacionadas ao coronavírus. Segundo a agência, até 26 de março, 68% dos casos graves eram pacientes que apresentavam outras doenças e 62% deles faziam parte da faixa etária de mais de 65 anos. Entre as mortes, “57% sofriam de patologias graves e 93% integravam a faixa etária de mais de 65 anos”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar