Mundo
China defende ‘novo modelo’ com a Rússia, baseado em ‘não-aliança’ e ‘não-confronto’
Pequim criticou a estratégia dos EUA de ‘promover continuamente a expansão da Otan para o leste, que é sem dúvida responsável pela eclosão da crise na Ucrânia’
O governo da China reforçou nesta sexta-feira 29 seus objetivos para as relações com a Rússia de Vladimir Putin, em meio a uma guerra que se prolonga na Ucrânia.
Em uma entrevista coletiva, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, destacou uma “importante lição do sucesso das relações” entre os dois países.
“Os dois lados superam o modelo de aliança militar e política na era da Guerra Fria e se comprometem a desenvolver um novo modelo de relações internacionais com base em não-aliança, não-confronto e sem ter outros países como alvos”, disse Lijian.
Ele acrescentou que o “novo modelo” difere da “mentalidade da Guerra Fria por meio da qual alguns países buscam pequenas panelinhas e um jogo de soma zero”.
A China também condenou a estratégia dos Estados Unidos de “promover continuamente a expansão da Otan para o leste, que é sem dúvida responsável pela eclosão da crise na Ucrânia”.
Na entrevista, Zhao Lijian ainda afirmou que “uma relação estável entre China e União Europeia é crucial para a paz mundial, a estabilidade e o desenvolvimento” e que Pequim “vê suas relações com a UE de uma perspectiva estratégica e de longo prazo”.
Um desafio a pesar sobre a UE, porém, seria “refletir sobre o conflito Rússia-Ucrânia. “Meus colegas e eu apontamos repetidamente que o conflito pode parecer entre a Rússia e a Ucrânia, mas na verdade é entre a Rússia e a Otan liderada pelos Estados Unidos”.
No mês passado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em telefonema ao presidente chinês, Xi Jinping, que haveria consequências se Pequim fornecesse apoio à Rússia para os ataques contra cidades e civis ucranianos.
“A crise da Ucrânia é algo que não queremos ver”, disse Xi a Biden, segundo relatos da emissora estatal CCTV. “As relações de Estado para Estado não podem chegar ao estágio de hostilidades militares. A paz e a segurança são os tesouros mais valiosos da comunidade internacional.”
Na ocasião, de acordo com a Casa Branca, Biden e Xi destacaram o apoio a uma solução diplomática para a crise na Ucrânia. Os líderes também concordaram sobre a importância de manter abertos os canais de comunicação a fim de administrar a competição entre Estados Unidos e China.
Leia também
Pentágono pede que americanos não lutem na guerra da Ucrânia após morte de jovem
Por AFPEnvios de armas à Ucrânia ameaçam a segurança europeia, afirma Kremlin
Por AFPPutin diz que intervenção externa na Ucrânia terá ‘resposta fulminante’
Por AFPViolência sexual, ameaça onipresente para refugiadas ucranianas
Por AFPApoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.