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Bolsonaro chama Órban de ‘irmão’ e celebra ‘afinidades’ com o líder da extrema-direita húngara

Há tempos elogiado pelos Bolsonaro, o premiê húngaro conduz manobras para ampliar seus poderes e ataca os direitos LGBT no país

Bolsonaro e o líder da extrema-direita da Hungria, Viktor Órban. Foto: Attila KISBENEDEK / AFP
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Em visita à Hungria nesta quinta-feira 17, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou Viktor Órban, líder da extrema-direita húngara e primeiro-ministro do país, de ‘irmão’ pelas ‘afinidades’ que mantém com o líder húngaro, considerado praticamente um ditador.

“Nossa relações vivem um momento ímpar com a Hungria, porque nos afinamos em praticamente todos os aspectos. […] Acredito na Hungria e no Órban, que eu trato praticamente como um irmão, dada as afinidades que nós temos na defesa dos nossos povos”, disse Bolsonaro antes de encerrar seu pronunciamento ao lado do extremista.

Há muito admirado pelos Bolsonaro, Órban tem feito manobras no Parlamento húngaro em busca da ampliação de seus poderes. Também faz ataques aos direitos humanos, facilitando o avanço de leis contra comunidades LGBT no país.

Antes de se encontrar com Órban, Bolsonaro cumpriu agenda com o presidente da Hungria, János Áder, dedicando parte da conversa ao tema do desmatamento na Amazônia. Bolsonaro relata ter dito a Áder que a destruição das florestas brasileiras, amplamente criticada ao redor do mundo, seria mentira.

“Muitas vezes as informações chegam pra fora do Brasil de forma bastante distorcida, como se nós fossemos os grandes vilões na preservação da floresta e sua destruição, coisa que não existe. Nós preservamos 63% do nosso território e não se encontra isso em nenhum outro país do mundo”, disse Bolsonaro, que em seguida criticou países europeus que não fariam reflorestamento em seus territórios.

A afirmação do presidente, mais uma vez, não tem encontra na realidade.

Em janeiro, diferente do que disse o ex-capitão, o Brasil bateu recordes de desmatamento na Amazônia. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram que nas três primeiras semanas de 2022 o país devastou 360 km² de florestas, o volume é maior do que qualquer janeiro completo desde 2015. Também em contraposição ao que disse Bolsonaro, sob a sua gestão, o desmatamento da Amazônia cresceu 56,6%, de acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

No breve pronunciamento ao lado de Órban, Bolsonaro voltou ainda a repetir insinuações de que sua viagem à Rússia teria levado Moscou a recuar parte das tropas que estavam instaladas na fronteira com a Ucrânia. Novamente o ex-capitão usou a expressão ‘coincidência ou não’ para sugerir sua participação ao episódio. A retirada das tropas russas por Vladimir Putin, no entanto, não tem qualquer relação com o presidente brasileiro e sua passagem pelo país.

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